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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Professor da Universidade de Columbia comenta o impacto do iminente governo Trump sobre a economia do Japão

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, promete adotar uma atitude severa no setor comercial e voltar a dar prioridade aos interesses do país. Neste Comentário, fala sobre o assunto o professor Hugh Patrick, que dirige o Centro sobre Economia e Negócios Japoneses da Escola de Administração da Universidade de Columbia.

— De que modo afetará o Japão a perspectiva de que Trump reinicialize as bases da economia dos Estados Unidos e crie postos de trabalho por meio de gastos em obras de infraestrutura e de generosas reduções de impostos?

“O crescimento da economia americana será mais rápido e, juntamente com obras de infraestrutura, o quadro resultante beneficiará o Japão. Quando crescem mais rápido, os Estados Unidos importam mais. Um efeito direto será um aumento das exportações do Japão para o mercado americano. Outro efeito direto será fazer dos Estados Unidos um lugar mais atraente para algumas formas de investimentos diretos por empresas japonesas à medida que elas reconheçam oportunidades em obras de infraestrutura e em outros setores.

A economia global crescerá de um modo melhor e haverá um aumento das exportações japonesas não só para o mercado americano como para mercados de outras partes do mundo. Provavelmente haverá também mais oportunidades de investimentos estrangeiros.”

— Que impacto haverá sobre o Japão agora que Trump pretende afastar os Estados Unidos do acordo de livre-comércio Parceria Transpacífico?

“O primeiro-ministro do Japão afirmou que o acordo perderá o seu sentido sem a participação americana. Não é verdade. Em que pese a opinião do premiê, pode haver uma Parceria Transpacífico com 11 nações, liderada pelo Japão — algo que beneficiaria os países membros, inclusive a nação japonesa. O Japão levaria a cabo o seu próprio processo interno, que é difícil, com medidas de reestruturação da sua agropecuária. Não prevejo um grande efeito sobre a economia japonesa.

Em certo sentido, o acordo não terá provavelmente um grande efeito econômico, pois veio a se tornar um símbolo do envolvimento dos Estados Unidos em políticas para a Ásia. Ora, as tarifas alfandegárias já são basicamente baixas, o comércio é bom e a Parceria Transpacífico deverá eliminar mais e mais tarifas. Assim, na totalidade da situação, quando se observa o acordo em um contexto maior, o impacto não será tão grande.

Cabe aqui definir esse contexto maior. As relações entre os Estados Unidos e o Japão ficarão mais restritas ou menos restritas? Acredito que vão ficar mais restritas por causa da China. As relações entre os Estados Unidos e a China serão complexas e difíceis. Em consequência, nessa espécie de jogo complicado, o Japão será visto como um aliado por Trump, um aliado que ele tentará manter satisfeito.”

Fonte: NHK