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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Comentário: Provável política do próximo governo americano em relação à China

Sexta-feira, dia 20, Donald Trump toma posse como 45º presidente dos Estados Unidos. Que política o próximo governo americano adotará em relação à China? E o que o governo chinês planeja em relação aos Estados Unidos? Neste Comentário, fala sobre o assunto Li Gang-zhe, professor da Universidade Hokuriku que é especializado em questões do Nordeste da Ásia.

— Na campanha eleitoral, Trump acusou Pequim de manipular a moeda chinesa. Chamaram atenção as suas declarações e atitudes de linha dura em relação à China. De que modo o governo chinês encara este comportamento?

“Em parte, Trump mostra-se hostil em relação à China. Defende um ponto de vista protecionista no setor comercial. Acusou o governo chinês de manipular a moeda do país e afirmou que uma tarifa alfandegária de 45% deveria ser imposta a importações provenientes da China. É verdade que os Estados Unidos têm um enorme déficit comercial em relação ao país asiático e que persiste um desequilíbrio entre as duas nações. Esses fatores estão por trás das críticas. No entanto, alguns dos pontos de vista expressos pelo presidente eleito são vantajosos para a China. Um exemplo é a oposição dele ao acordo de livre comércio Parceria Transpacífico, de iniciativa americana. Essa oposição beneficia a Parceria Econômica Regional Abrangente e a Área de Livre comércio da Ásia—Pacífico, ativamente promovidas pela China. O governo chinês provavelmente aguardará para ver que pontos de vista Trump vai expressar e responderá, então, a cada um deles.

— O Japão controla as Ilhas Senkaku, no Mar da China Oriental. A China e Taiwan reivindicam a soberania das ilhas. O governo japonês sustenta que elas são parte inerente do território do Japão em termos da história e do direito internacional. Afirma não haver nenhuma questão a ser resolvida a respeito. Como o governo chinês vai lidar com questões relacionadas ao Mar da China Oriental?

“É provável que a China não mude a sua posição em relação às ilhas, a menos que o Japão e os Estados Unidos concluam algum acordo especial. É improvável que a China adote uma posição de linha dura, contrária aos Estados Unidos ou ao Japão. Os motivos são a falta de clareza nas perspectivas da própria economia chinesa e a necessidade que o país tem das tecnologias avançadas do Japão e dos Estados Unidos.

Contudo, a China poderá mudar a sua política em relação ao Japão caso Trump modifique a aliança nipo americana. Por exemplo, se ele pressionar o Japão a arcar com uma fatia maior dos custos da presença militar dos Estados Unidos no país — como os custos das bases existentes em Okinawa — ou se comentar a possibilidade de retirada das forças americanas. O governo chinês poderá, então, tirar vantagem do afrouxamento dos laços nipo americanos e aumentar a pressão sobre o Japão a respeito das Ilhas Senkaku. A China também poderá pressionar o Japão a reconhecer a liderança que ela exerce na Ásia.

Outra questão que não se pode desconsiderar é Taiwan. A conversa por telefone entre Trump e a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, tem o potencial de gerar uma situação embaraçosa entre os Estados Unidos e a China quando à política de ‘Uma só China’. As autoridades de Pequim provavelmente acompanharão atentamente as palavras e os atos de Donald Trump após a posse.”

Fonte: NHK