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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Sobre a mão-de-obra estrangeira no Japão

Por Edison Yamasaki

Os políticos japoneses estão estudando meios para trazer mão de obra estrangeira não especializada. A falta de trabalhadores na indústrias manufatureiras, construção civil e o setor de serviços estão tão carentes que algumas redes de restaurantes estão deixando de ampliar suas filiais porque não encontram pessoas para trabalhar. 

Outra área afetada é nos cuidados aos idosos, já que são poucas as pessoas dispostas a trabalhar num asilo ou hospital. O governo fez alguns convênios com países vizinhos, oferecendo trabalho e visto por um período máximo de três anos. Assim, indonesianos, filipinos e vietnamitas desembarcaram na ilha para fazer o trabalho rejeitado pelos próprios nipônicos. 

Com a aproximação das Olimpíadas em 2020, o setor de construção, já carente de mão de obra, ficará ainda mais debilitada. 

O grande entrave para a liberação de mão de obra estrangeira num país que decresce demograficamente ano após ano, é a própria população, que não está disposta a conviver com pessoas de características físicas e hábitos muito diferentes deles próprios.
O medo do aumento da violência, a perda de identidades culturais tão enraizadas na alma dos japoneses também são um agravante para que os aeroportos não fiquem cheios de "gaijins" ávidos por viverem num país de primeiro mundo, baixa violência, bem cotado na área educacional e com muita tecnologia. 

Não sei até quando o país conseguirá suportar a falta de pessoas para trabalhar, prejudicando a produção e a consequentemente a competitividade. 

Outro agravante não muito comentado por aqui, é que a maioria dos jovens, não estão dispostos a trabalharem como empregados porque serão poucos valorizados e precisarão passar por estágios medievais, como lavar banheiros e servir cafézinho aos mais velhos. Subir de cargo só pelo tempo de casa ou por saber puxar, muito bem, o saco do superior. Méritos profissionais para promoções estão fora de cogitação. 

Percebo que muitas famílias estão preparando seus filhos para viverem fora do país, oferecendo cursos e faculdades no exterior. Diferentemente de alguns anos atrás, é grande o número de estudantes tentando estudar na Europa ou Estados Unidos, em busca de melhor ambiente para viver. 

Por enquanto, resta ao Japão, buscar soluções para atrair jovens estrangeiros qualificados, e ao mesmo tempo, abrir as fronteiras para trabalhadores "braçais" que ajudarão a recuperar a produtividade. Para isso, precisará convencer os velhinhos aposentados e os que ainda ocupam cargos figurantes, de que a realidade é outra e que o tempo não pára. 

Fonte: Bonde