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sexta-feira, 18 de março de 2011

Setor de turismo no país sofre com incertezas

Ros Airey diz que adora o Japão, mas o receio de contaminação nuclear a fez adiar o que seria sua quarta visita ao país em dez anos. "Enquanto houver a ameaça de radiação e preocupação com minha segurança, não vou", disse Airey, 63 anos, de Melbourne, enquanto pensava o que faria com suas passagens, não reembolsáveis, marcadas para junho. "É uma pena porque adoro o lugar. As pessoas são tão amáveis e o Japão precisa de um mercado vibrante de turismo."

O setor de turismo japonês movimenta US$ 296 bilhões e antes de poder se recuperar terá de ver uma solução para a crise, segundo a Keidanren, maior associação empresarial do país. "Não posso dizer aos visitantes estrangeiros que é hora de visitar o Japão, a menos que o governo se esforce mais para divulgar informações", disse o presidente da Keidanren, Hiromasa Yonekura, ontem. "Os visitantes estrangeiros estão confusos."

O Conselho do Setor de Turismo de Hong Kong pediu a seus 1,5 mil agentes de viagem para cancelar todos os grupos de turistas que iriam ao Japão neste mês, segundo Rita Lau, secretária de Comércio e Desenvolvimento Econômico de Hong Kong. A ilha é a quarta maior fonte de turistas para o Japão.

O contador Alan Pang, de Hong Kong, desistiu de viajar neste mês. "Realmente, estou decepcionado por ter de desistir de meus planos, mas foi sorte não ter ido ao Japão antes do terremoto", disse Pang, 25, que havia reservado viagem de duas semanas, com início em 13 de março. "É possível que volte a querer visitar o Japão em junho, depois que os tremores secundários e a ameaça de radiação tiverem desaparecido", afirmou. "Tenho confiança de que os japoneses conseguirão lidar com os riscos."

Na Coreia do Sul, maior fonte de turistas ao Japão, cerca de 11 mil clientes da Hana Tour Service cancelaram viagens depois do terremoto, segundo Cho Il Sang, porta-voz da empresa de turismo. Em Cingapura, a Nam Ho Travel Service Singapore e Chan Brothers Travel informaram que centenas de clientes desistiram dos planos de visitar o Japão. A Hana Tour Service, da Coreia do Sul, ainda aceita reservas para viagens ao Japão, mas apenas para depois de maio.

A Agência Japonesa de Turismo havia estabelecido uma meta de 10 milhões de visitantes para 2011, após não ter conseguido atingir esse nível no ano passado em meio a valorizações do iene e de uma disputa com a China sobre as ilhas denominadas Senkaku pelos japoneses e Diaoyu pelos chineses. A agência planeja 15 milhões de visitantes para 2013.

"Tivemos um bom início em janeiro", disse Zensuke Suzuki, um porta-voz da agência. "Estamos muito preocupados [com os efeitos] do terremoto. Não podemos prever qual será sua influência e não podemos afirmar se será possível atingir a meta neste ano."

O Japão não é o único país a enfrentar problemas provocados por catástrofes naturais neste ano. A Nova Zelândia teve no mês passado seu pior terremoto em 80 anos, e na Austrália uma área maior do que a Alemanha e a França, juntas, foi inundada em janeiro.

É a ameaça potencialmente móvel de radiação que coloca o setor turístico japonês diante de um aspecto sem equivalentes, disse David Beirman, autor de "Restoring Tourism Destinations in Crisis" (restauração de destinos turísticos em crise).

"Qualquer catástrofe natural, seja um terremoto, tsunami ou inundação, tem um volume finito de danos e está geograficamente limitada a onde ocorre", disse Beirman, um professor da University of Technology Sydney. "Uma nuvem radioativa é uma categoria de evento totalmente distinta, e não há como esconder isso."

"Não podemos precisar, mas o número de turistas estrangeiros que vêm cancelando excursões está crescendo", disse Akiko Mitsuhashi, porta-voz da JTB, maior agência japonesa de viagens.

Agora, o Swissotel Nankai Hotel, em Osaka, de propriedade da Fairmont Raffles Holdings International, está totalmente reservado para a partir de 15 de março.

Para Airey, a confiança na capacidade japonesa de recuperar-se do desastre significa que ela poderá retomar seus planos de viagem.

"É uma pena mesmo, porque eu quero voltar, e se eles conseguirem superar isso, eu voltarei."
Fonte: Itamaraty