O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, vai anunciar hoje novas reformas econômicas, algumas semanas depois de uma repentina queda no mercado de ações do país levantar dúvidas sobre o ambicioso programa de recuperação de seu governo.
Depois de um avanço recorde de mais de 80% desde meados de novembro, quando Abe iniciou sua campanha eleitoral, o mercado de ações japonês repentinamente perdeu força. Apenas nas duas últimas semanas o índice Nikkei caiu 15%.
O pacote de reforma estrutural será o terceiro e para muitos o mais importante do plano de revitalização do governo de Abe. Por meio da nova diretoria do Banco do Japão (BoJ), o govemo já garantiu uma política monetária mais acomodatícia e adotou um programa de gastos extras para ajudar a sustentar o crescimento no curto prazo.
Embora a recente pressão sobre os mercados financeiros japoneses coloque os investidores no centro das preocupações do governo, a nova estratégia de crescimento também terá como alvo o eleitorado, já que no próximo mês haverá uma eleição para a Câmara Alta do Parlamento do país, que será muito importante para Abe recuperar o controle da Casa, perdido seis anos atrás.
Um elemento do novo plano, segundo fontes, será um relaxamento das regras sobre o varej o online de medicamentos, um movimento bastante combatido pelas farmácias com lojas físicas.
Outro destaque no plano será a criação de zonas econômicas especiais que ofereçam taxas de juros mais baixas e aliviem algumas regulamentações. Para atrair investimento estrangeiro direto, as novas zonas permitirão que médicos estrangeiros pratiquem medicina e que escolas estrangeiras ofereçam edu-, cação.
Outra medida provável é a venda de direitos para operação de instalações até agora públicas, como aeroportos locais, redes de abastecimento de água e rodovias, o que J atrairá financiamento privado para a renovação da infraestrutura pública, segundo fontes do governo.
O novo plano também deverá incluir uma reforma da governança corporativa, para que as empresas japonesas possam recuperar a competitividade internacional.
Fontes do governo afirmaram anteriormente que o plano prevê que o Fundo de Investimento em Pensão do Governo será convocado a alocar uma parcela maior dos 112 trilhões de ienes (US$ 1/12 trilhão) que gerencia em ações e se afastar da atual forte dependência de bônus japoneses.
O fundo, que é o maior do mundo, atualmente tem uma meta de carteira de 67% em bônus e 11% em ações domésticas.
Fonte: Estadão