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sábado, 22 de junho de 2013

Exportações sobem, mas Japão ainda tem déficit

As exportações japonesas deram um salto em maio, ao mesmo tempo em que um fluxo robusto de importações provenientes da Ásia manteve a balança comercial geral do país no vermelho, num sinal de que os esforços do governo visando estimular uma recuperação das exportações poderá levar algum tempo para reverter a mais longa série de déficits desde 1980.

Os números mensais do comércio são um indicador, acompanhado atentamente, do sucesso do primeiro-ministro Shinzo Abe em aquecer as exportações mediante uma desvalorização da moeda nacional. Um iene mais fraco aumenta a competitividade dos produtos japoneses no exterior, tornando-os mais baratos, ao mesmo tempo em que eleva os lucros obtidos no exterior expressos em ienes.

Os políticos esperam que o câmbio mais favorável ajude o Japão a recuperar pelo menos parte de seu status anterior de gigante comercial com enormes superávits contra outras economias desenvolvidas. A demanda por produtos japoneses no exterior foi descendente nos anos após a crise financeira mundial que começou em 2008, ao passo que as importações de energia subiram bastante.

"As exportações mostraram-se surpreendentemente vigorosas, especialmente com destino à Ásia", disse Koya Miyamae, economista da SMBC Nikko Securities, acrescentando, porém, que um crescimento nos EUA seria crucial. "Eu espero que o déficit comercial apresente uma recuperação no segundo semestre do ano fiscal, que começou em abril", disse ele.

O Japão registrou um aumento de dois dígitos nas exportações pela primeira vez em 12 meses, depois que uma queda do iene ajudou a melhorar o valor das mercadorias e devido à exportação de componentes eletrônicos, tanto de semicondutores como de componentes usados em plásticos. O forte crescimento de 10,1% foi muito superior ao aumento de 5,0% previsto por economistas consultados pela Dow Jones Newswires.

O Japão acumulou um déficit comercial de 993,9 bilhões de ienes (US$ 10,42 bilhões) em maio, em comparação com um déficit de 907,9 bilhões de ienes no mesmo mês 12 meses antes, segundo o Ministério da Finanças divulgados ontem. O déficit - o terceiro maior já registrado - foi atribuído à alta das importações de produtos petrolíferos e de aparelhos eletrônicos para comunicações.

O governo também disse que as importações provenientes da China em maio e da região asiática como um todo foram as maiores já registradas, apesar de as exportações para a China terem crescido 8,3% em 12 meses e as destinadas à Ásia, 11,1%.

As importações são mais sensíveis a mudanças no câmbio, pois a maior parte das compras externas é calculada em moeda estrangeira. No segundo semestre do ano passado, 61,6% das exportações eram denominadas em moedas estrangeiras, em comparação com 77,1% no caso das importações, segundo dados alfandegários.

Mas os dados de ontem têm alguns sinais positivos para economistas que tentam prever se e quando o Japão retomará seu superávit comercial. Economistas observaram que maio costuma ser um mês ruim para o comércio.

"Os números para maio são geralmente ruins devido aos feriados da "Semana Dourada" [sequência de quatro feriados nacionais no fim de abril e início de maio], quando as exportações são impactadas desfavoravelmente", disse Hideki Matsumura, economista sênior do Instituto Japonês de Pesquisas, prevendo que o saldo da balança comercial japonesa irá zerar seu déficit dentro de aproximadamente um ano.

Fonte: Valor