As exportações japonesas deram um salto em maio, ao mesmo tempo em que um fluxo robusto de importações provenientes da Ásia manteve a balança comercial geral do país no vermelho, num sinal de que os esforços do governo visando estimular uma recuperação das exportações poderá levar algum tempo para reverter a mais longa série de déficits desde 1980.
Os números mensais do comércio são um indicador, acompanhado atentamente, do sucesso do primeiro-ministro Shinzo Abe em aquecer as exportações mediante uma desvalorização da moeda nacional. Um iene mais fraco aumenta a competitividade dos produtos japoneses no exterior, tornando-os mais baratos, ao mesmo tempo em que eleva os lucros obtidos no exterior expressos em ienes.
Os políticos esperam que o câmbio mais favorável ajude o Japão a recuperar pelo menos parte de seu status anterior de gigante comercial com enormes superávits contra outras economias desenvolvidas. A demanda por produtos japoneses no exterior foi descendente nos anos após a crise financeira mundial que começou em 2008, ao passo que as importações de energia subiram bastante.
"As exportações mostraram-se surpreendentemente vigorosas, especialmente com destino à Ásia", disse Koya Miyamae, economista da SMBC Nikko Securities, acrescentando, porém, que um crescimento nos EUA seria crucial. "Eu espero que o déficit comercial apresente uma recuperação no segundo semestre do ano fiscal, que começou em abril", disse ele.
O Japão registrou um aumento de dois dígitos nas exportações pela primeira vez em 12 meses, depois que uma queda do iene ajudou a melhorar o valor das mercadorias e devido à exportação de componentes eletrônicos, tanto de semicondutores como de componentes usados em plásticos. O forte crescimento de 10,1% foi muito superior ao aumento de 5,0% previsto por economistas consultados pela Dow Jones Newswires.
O Japão acumulou um déficit comercial de 993,9 bilhões de ienes (US$ 10,42 bilhões) em maio, em comparação com um déficit de 907,9 bilhões de ienes no mesmo mês 12 meses antes, segundo o Ministério da Finanças divulgados ontem. O déficit - o terceiro maior já registrado - foi atribuído à alta das importações de produtos petrolíferos e de aparelhos eletrônicos para comunicações.
O governo também disse que as importações provenientes da China em maio e da região asiática como um todo foram as maiores já registradas, apesar de as exportações para a China terem crescido 8,3% em 12 meses e as destinadas à Ásia, 11,1%.
As importações são mais sensíveis a mudanças no câmbio, pois a maior parte das compras externas é calculada em moeda estrangeira. No segundo semestre do ano passado, 61,6% das exportações eram denominadas em moedas estrangeiras, em comparação com 77,1% no caso das importações, segundo dados alfandegários.
Mas os dados de ontem têm alguns sinais positivos para economistas que tentam prever se e quando o Japão retomará seu superávit comercial. Economistas observaram que maio costuma ser um mês ruim para o comércio.
"Os números para maio são geralmente ruins devido aos feriados da "Semana Dourada" [sequência de quatro feriados nacionais no fim de abril e início de maio], quando as exportações são impactadas desfavoravelmente", disse Hideki Matsumura, economista sênior do Instituto Japonês de Pesquisas, prevendo que o saldo da balança comercial japonesa irá zerar seu déficit dentro de aproximadamente um ano.
Fonte: Valor