O presidente do grupo Renault - Nissan, Carlos Ghosn, considera "muito positivo" o novo regime automotivo estabelecido pelo governo brasileiro, que prevê mais proteção para montadoras que produzem e investem no país e penalidades para quem não produz.
Ghosn disse que o Brasil é cada vez mais importante e se tornou o segundo maior mercado da Renault, após a França. Por suas estimativas, o Brasil será em breve o terceiro maior mercado automotivo do mundo, superando Japão e só ficando atrás da China e EUA.
Nesse cenário, o grupo continuará expandindo as operações no país. O executivo contou que o grupo investe € 1 bilhão na construção da nova fábrica da Nissan em Resende, no Rio de Janeiro, para produzir 200 mil carros por ano. Além de ter investido € 200 milhões na fábrica de Curitiba.
Já sobre a Europa, Ghosn prevê que somente dentro de quatro a cinco anos é que a indústria automotiva poderá se recuperar do baque sofrido atualmente. É o prazo dado também por economistas para o velho continente sair do marasmo econômico atual, marcado por queda de demanda, alto desemprego e persistentes incertezas sobre os rumos do euro.
Conforme o Deutsche Bank, em 2012 o número de novos carros registrados nos 15 principais mercados da União Europeia declinará pelo quarto ano consecutivo, caindo a seu mais baixo nivel desde 1993. Os registros serão em média 16% inferiores a média para o periodo 2000-2012. Mas é um declínio menor do que a degringolada na venda de carros leves nos EUA durante a crise em 2008/2009.
Em mercados como Espanha e Itália, as vendas caíram dramaticamente. A expectativa da indústria é de que desde que haja algum sinal de melhor recuperação econômica, as vendas se acelerem.
Para o banco alemão, a atual crise no mercado automotivo europeu é um grande desafio para as montadoras, sobretudo para os franceses e italianos, já que eles estão mais pesadamente focados nos mercados europeus. Já os fabricantes alemães se beneficiam da forte demanda de mercados como China e EUA. Cerca de 40% de toda a produção de carros alemães é exportada para fora da Europa.
Por seu lado, Ghosn rechaçou a ideia de que a baixa de preço dos automóveis nos mercados deprimidos da Europa possa ser compensada por preços mais fortes nos emergentes com demanda estável. "Não dá para aumentar preço assim e fazer esse tipo de compensação, cada mercado tem sua dinamica", retrucou.
Por sua vez, o jornal "Les Echos", de Paris, publicou ontem que os objetivos de Nissan no mercado chinês estão sendo "vitimas do nacionalismo chinês". A crise diplomática entre o Japão e a China afetou os negócios do grupo no maior mercado automotivo do mundo e faz baixar em 20% as previsões de lucros no exercício fiscal 2012-2013.
Conforme o jornal francês, Ghosn nunca escondeu que queria alcançar os gigantes General Motors e Volkswagen na China. No ano passado, a Nissan vendeu 27% a mais de carros no mercado chinês e esperava mais este ano, mas não contava com os problemas políticos entre Tóquio e Pequim.
Em todo caso, o executivo brasileiro-libanes, nascido em Rondônia, procurava demonstrar na terça-feira a noite, em Paris, um certo alívio de que a situação está voltando ao normal na região.
Fonte: Valor