Apesar de já ter incursionado por mais de 100 mercados em todo o mundo, a fabricante de temperos Ajinomoto Co. está intensificando suas buscas por mais aquisições em mercados emergentes e desenvolvidos.
"Queremos crescer mais rápido", disse Masatoshi Ito, presidente da empresa japonesa que produz glutamato monossódico e aspartame, em entrevista ao The Wall Street Journal. As aquisições "acelerarão [a meta de] expandir nossa gama de produtos", disse o executivo.
A empresa, dona no Brasil dos temperos Sazón e Sabor a Mi e dos sucos Fit, também pretende reiniciar as operações de uma fábrica em Mianmar no início do próximo ano, à medida que o país asiático se abre a um regime democrático depois de quase cinco décadas de ditadura militar.
Para identificar alvos de aquisição e facilitar as negociações, a empresa formou no ano passado uma equipe de menos de dez pessoas subordinadas a Ito.
As principais áreas no plano de metas da equipe continuam sendo aquelas em que a empresa tem forte presença: os temperos e a biotecnologia, disse Ito, de 64 anos. "Em vez de competir para adquirir uma empresa que já está no mercado, queremos selecionar a que melhor se encaixe na nossa estratégia".
A Ajinomoto — palavra japonesa que significa "essência do sabor" —, não faz segredo de seus planos de aquisição. A empresa disse que pode gastar até 300 bilhões de ienes (US$ 3,73 bilhões) em fusões e aquisições até o fim do ano fiscal que se encerra em março de 2014. E esse caixa para aquisições vai crescer, graças à recente decisão da Ajinomoto de vender a fabricante japonesa de bebidas não alcoólicas Calpis Co. por cerca de 100 bilhões de ienes.
Com a ampla aceitação de seus temperos por consumidores em mercados como a Tailândia, Indonésia e Brasil, a empresa já gera mais da metade do seu lucro operacional no exterior e tem presença em mais de 130 países e territórios. As vendas fora do Japão representaram 32% da receita total da Ajinomoto para o ano fiscal passado, maior do que as de suas rivais japonesas. No longo prazo, a Ajinomoto pretende aumentar a proporção das vendas no exterior para mais de 50%. Diante do envelhecimento da população no mercado doméstico, muitas empresas japonesas estão em busca de mercados em crescimento.
A Ajinomoto quer expandir sua presença em novos mercados da África, Oriente Médio e Ásia. No Brasil, a empresa anunciou este ano um investimento de R$ 47 milhões para expandir sua fábrica em Limeira, SP. Segundo a empresa, a ampliação da planta aumentará em quase 40% a produção do tempero Sazón, seu carro-chefe, ou um acréscimo de 6.700 toneladas do produto por ano.
A empresa estabeleceu um escritório em Mianmar em 1996, mas as operações fabris no país foram suspensas quatro anos depois, devido a uma proibição governamental à importação de matérias-primas. Embora a empresa ainda tenha uma fábrica em Mianmar para embalar GMS produzido na Tailândia, o equipamento terá que ser reinstalado, disse Ito.
"Acreditamos que Mianmar tem um enorme potencial", disse ele, observando que, com uma população de cerca de 60 milhões de habitantes, Mianmar é quase tão grande quanto a Tailândia.
Embora a Ajinomoto esteja buscando aquisições de empresas que tenham marcas e canais de distribuição fortes em seus respectivos mercados, Ito disse que a empresa também continuará sua tradição de décadas de construir mercados a partir do zero. "Nosso estilo básico é fazer incursões para chegar à vida das pessoas comuns", disse o executivo, mostrando um pequeno pacote de tempero que a empresa lançou na Nigéria em 2010.
"É preciso pelo menos uma década [para ganhar popularidade] em todos os mercados", disse ele, e as fusões e aquisições podem encurtar esse intervalo de tempo.
Ito ajudou a Ajinomoto a orquestrar a aquisição de US$ 239 milhões, em 2006, de Amoy Food, empresa de alimentos de Hong Kong que pertencia à Danone SA. Ele também liderou a aquisição, em 2007, da americana New Season Foods pela Knorr Foods Co., subsidiária da Ajinomoto. Em 2009, a Ajinomoto gastou US$ 210 milhões para adquirir os direitos no Japão do tratamento de osteoporose Actonel, da americana Procter & Gamble Co.
Mas Ito disse que a atual estratégia de fusões e aquisições da empresa é diferente da do passado. "A maioria dos casos anteriores veio até nós", disse. "Agora, nós é que vamos abordar" as empresas.