Translation Support

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

China envia navios e eleva tensão com Japão


Ao menos dois dos 11 navios chineses que navegam perto das ilhas disputadas com o Japão no mar do Leste da China entraram ontem em território considerado pelo governo japonês sua propriedade. Em Pequim, o ministro da Defesa Liang Guanglie, disse em encontro com o chefe do Pentágono, Leon Panetta, que o país se reserva o direito de tomar ações mais drásticas na disputa, agravando a crise diplomática com Tóquio.

Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, Liang disse que o Japão deve ser responsabilizado pela disputa. O ministro garantiu, no entanto, que a China ainda vê uma saída diplomática para o impasse. Para isso, ele espera que o "governo japonês desfaça seus erros e volte a negociar". O ministro também defendeu perante Panetta que as ilhas fiquem de fora do acordo de defesa mútua que os EUA têm com o Japão e espera neutralidade na disputa.

O secretário de Defesa americano, em sua primeira visita à China desde que assumiu o Pentágono, evitou polêmicas. "Há muito acredito que a relação sino-americana requer uma perspectiva de longo prazo", disse Panetta. "Ela tem sua base menos em grandes avanços e mais em um trabalho lento por temas de interesse comum."

Os protestos em cidades chinesas contra o Japão cresceram ontem, no 81.º aniversário da invasão da China pelo Japão. O número de manifestantes, segundo a imprensa estatal chinesa, é maior do que o dos atos convocados no fim de semana. A polícia teve de conter os ânimos mais exaltados, apesar de as marchas terem sido autorizadas pelo governo.

Do lado de fora da Embaixada do Japão em Pequim, a polícia paramilitar, munida de equipamento antidistúrbio, patrulhou a área. Helicópteros sobrevoaram o protesto e os manifestantes foram separados em grupos. Por meio de alto-falantes, orientaram os participantes a "manter a calma e evitar comportamento impulsivo".

No começo da semana, Tóquio ordenou o fechamento temporário de algumas fábricas japonesas na China - como Nissan, Mazda e Canon. Lojas de marcas japonesas também fecharam as portas para prevenir vandalismo. Além disso, o governo chinês anunciou o envio de mil pesqueiros ao arquipélago.

Apesar da tensão, alguns analistas afirmam que a China adotou uma posição dúbia com relação à crise diplomática. Apesar de encorajar discretamente os protestos nacionalistas contra o Japão, Pequim também tenta refreá-los publicamente. Há preocupação para que as manifestações não saiam de controle e venham a se voltar contra o regime. Autoridades em Pequim assinalaram ontem que pretendiam reduzir a intensidade dos protestos pela soberania do arquipélago em razão, entre outros fatores, do impacto da disputa, que já teria afetado o comércio entre os dois países.

De acordo com analistas, a estratégia de dubiedade foi cuidadosamente elaborada pela China para aumentar a pressão sobre o Japão, mas sem deixar de levar em conta a política interna. O governo chinês manobra para garantir posições de vantagem antes da transição de líderes - programada para outubro -, como é praxe a cada dez anos no país. O comércio entre China e Japão - a segunda e a terceira economia do mundo - somou US$ 340 bilhões no ano passado.

Fonte: NYT, AP E REUTERS