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sexta-feira, 27 de abril de 2012

PRÓ-SAVANA: Luiz Nishimori retorna otimista de Moçambique

A missão conjunta de empresários japoneses e brasileiros, liderada pelo deputado federal e presidente do Conselho de Administração da CCIBJ do Paraná, Luiz Nishimori, retornou otimista da viagem que fez a Moçambique. “A missão foi uma etapa importante para o avanço do projeto Pró-Savana”, disse Nishimori, referindo-se ao Programa de Cooperação Triangular para o Desenvolvimento da Agricultura nas Savanas Tropicais em Moçambique, projeto cujo objetivo é desenvolver a agricultura na África através de transferência de tecnologia com a participação de três países: Brasil, Japão e Moçambique. O acordo foi assinado em 2010 pelo ex-primeiro-ministro japonês, Taro Aso; pelo ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; e pelo presidente moçambicano, Armando Guebuza.

Segundo Nishimori, que liderou a comitiva brasileira como representante da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, o desafio é tornar o Pró-Savana no “projeto do século 21”. “Antes, estava animado. Agora estou otimista”, destacou o deputado, que preside o Grupo Parlamentar Brasil-Japão e o Grupo Parlamentar Brasil-Moçambique.

Para Nishimori, foi uma viagem de reconhecimento “bastante proveitosa”. “Estivemos no norte de Moçambique. Trata-se de uma região com um potencial enorme para o desenvolvimento do projeto uma vez que apenas 4% da área é cultivada. Constatamos que ali há espaço para uma agricultura moderna e bem diversificada por ser uma área de grande extensão territorial e com um clima idêntico ao do Cerrado brasileiro, onde chove durante seis meses e outros seis meses não, ideal para o cultivo de cereais de uma forma geral, como soja e milho, além de algodão. A fruticultura também deve ir bem”, explicou, lembrando que a missão brasileira foi formada por 17 membros, entre empresários e agricultores. Já em território moçambicano, a missão brasileira se junto a um grupo vindo do Japão , reunindo representantes da Jica e de empresas como a Marubeni, Mitsui e Sumitomo, entre outras.

“Estivemos em Nampula, a capital Maputo, Niassa e Nacala. Nacala ainda não conta com infraestrutura para exportação de grãos. Em contrapartida, até 2014 o governo pretende concluir as obras de um aeroporto internacional que irá facilitar muito. Niassa, diferentemente de Maputo– uma cidade grande, com cerca de 4 milhões de habitantes e com pouco potencial para a agricultura – possui poucos habitantes e lembra muito a região norte do Paraná há 50 anos”, comparou Nishimori, que apontou também os “pontos negativos” da empreitada.

“Falta infraestrutura básica. O percurso de Nacala até Nampula, por exemplo, é asfaltado, mas o mesmo não acontece com os cerca de 600 quilômetros que separam Nampula de Lichinga [capital de Niassa]. O governo japonês está investindo naquela região e até 2014 deve asfaltar cerca de 350 quilômetros, o que representará um avanço enorme”, conta Nishimori, que aposta na viabilidade do Pró-Savana. “O governo de Moçambique é favorável ao projeto não só pelo impacto econômico como também pelo aspecto social. Do lado brasileiro, é preciso resolver questões como o financiamento para entrar no país. Para isso estamos conversando com o governo japonês e depois pretendemos dialogar com o governo brasileiro. Como se trata de um projeto de três raízes, é importante que haja participação de todos os envolvidos”, observa Nishimori, acrescentando que op próximo passo será enviar agrônomos “de confiança” para verificar as melhores áreas de assentamento. “É preciso cautela com a primeira leva porque, indo bem, o projeto pode se estender para outros países africanos”, esclarece o deputado, afirmando que o projeto não envolve somente agricultores brasileiros. “É a última fronteira agrícola que está se abrindo”, diz Nishimori, que também se mostra preocupado com a experiência japonesa no Cerrado, que “preparam a mesa” para as multinacionais como a Bunge, Cargill, ADM e a Dreyfus.

“Conversamos com as empresas japonesas para que isso não se repita, que é preciso aproveitar a produção. Mas é o próprio mercado que acaba definindo a comercialização”, destaca Nishimori, explicando que esta missão é muito diferente das que costuma organizar para a Ásia – a próxima, a 39ª, embarcará no dia 24 de maio para a China e para o Japão com 12 integrantes. “Para Moçambique o resultado é específico para a agricultura, embora num segundo momento agregue alguma coisa ao produto, como a construção de cidades”, afirma.

Fonte: Aldo Shiguti (Jornal Nippak)