TÓQUIO – Cinco candidatos devem disputar a liderança do Partido Democrático no Japão, o que, em caso de vitória, significaria a ascensão ao cargo de primeiro-ministro segundo as regras do país. De maneira geral, a corrida divide-se entre apoiadores e opositores de Ichiro Ozawa.
Embora esteja suspenso do partido, à espera de julgamento em um escândalo de levantamento de fundos, Ozawa ainda tem forte ascendência sobre uma larga fatia de correligionários e já declarou apoio ao ministro de Comércio e Energia, Banri Kaieda.O ex-ministro de Relações Exteriores Seiji Maehara, ao contrário, lidera as pesquisas de opinião e opõe-se a Ozawa.
A preferência do líder partidário por Kaieda pode ser controversa junto ao eleitorado, já que seu ministério está encarregado da energia nuclear, que cresceu em impopularidade após o desastre em Fukushima.
Os possíveis demais candidatos ao posto que ficou vago hoje com a renúncia de Naoto Kan são o ministro de Finanças, Yoshihiko Noda, o ex-ministro de Meio Ambiente Sakihito Ozawa e o atual ministro de Agricultura, Florestas e Pesca, Michihiko Kano.
Eles deverão apresentar seus nomes amanhã, e a votação ocorrerá na segunda-feira entre os cerca de 400 parlamentares do Partido Democrático. Haverá apenas um debate oficial, na véspera da votação.
De modo geral, os candidatos evitam detalhar suas posições sobre a energia nuclear, apesar do forte interesse do eleitorado no tema. Na terça-feira, Maehara limitou-se a dizer que é a favor de uma “mudança” na política. Ontem, em entrevista ao vivo na televisão, pediu a redução gradual do uso desse tipo de energia, à medida que os reatores mais velhos vão sendo desativados.
Noda, por sua vez, mostrou apoio à retomada de usinas nucleares que estavam paralisadas e à continuidade da dependência desse tipo de energia. “Apesar de objetivarmos a redução de nossa dependência da energia nuclear, vamos utilizar as usinas atuais para uma certa proporção de nossas necessidades até pelo menos 2030”, escreveu ele em artigo publicado na respeitada revista Bungei Shunju.
De modo semelhante, Kaieda pede a inclusão da energia nuclear como parte de um “melhor mix” de fontes, “em vez de simplificar demais as coisas pedindo simplesmente seu fim”.
(Marcílio Souza | Valor, com Dow Jones Newswires)