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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Japão compensa alta do iene com ajuda a empresas

O governo do Japão anunciou ontem um programa para conceder US$ 100 bilhões de suas reservas em moedas estrangeiras em empréstimos para exportadores e empresas do país com investimentos no exterior. A medida é uma reação à forte valorização do iene em relação ao dólar.

Pelo programa, previsto para durar um ano, o governo transferirá reservas para o Banco do Japão para Cooperação Internacional (JBIC, na sigla em inglês). O banco estatal, então, emprestará a bancos comerciais, para que possam auxiliar empresas com investimentos internacionais e pequenos é médios exportadores. Um aspecto positivo do iene forte é que ele barateia para os japoneses aquisições e fusões em outros países.

Em consequência, empresas japonesas deram início a uma agressiva onda global de compras. Segundo um estudo da empresa Dealogic, o valor das aquisições e ampliações de participação das companhias japonesas neste ano mais do que dobrou em relação a 2010. Um exemplo é a recente oferta de US$ 2,5 bilhões da Kirin para comprar a cervejaria Schincariol.

No entanto, a alta do iene prejudica a exportação de produtos japoneses, já que os torna mais caros no exterior. As autoridades também temem o fechamento de postos de trabalho no país, pois algumas empresas podem decidir transferir a produção para fora a fim de se protegerem contra o aumento dos custos.

O Ministério das Finanças interveio no câmbio no começo do mês, mas o impacto da ação teve curta duração. Na semana passada, a cotação do dólar caiu a menos de 76 ienes, ponto mais alto da moeda japonesa em relação à americana desde a Segunda Guerra Mundial. Ontem, a cotação do iene em relação ao dólar fechou em 76,94 (ou US$ 0, 013).

"Espero que isso ajude a revalorização unilateral do iene", disse o ministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda. Analistas, porém, manifestaram ceticismo em relação ao programa. Junko Nishioka, economista-chefe do RBS Securities no Japão, questionou o foco nas fusões e aquisições, num momento em que o país tem dificuldades para sustentar a sua produção industrial. "A questão atual mais crítica na economia japonesa é o risco de um encolhimento do setor manufatureiro. Acreditamos que a decisão terá pouco impacto para aliviar a pressão da alta do iene", disse Nishioka.

O governo determinou ainda que os operadores de câmbio das instituições financeiras do país devem entregar relatórios diários sobre as suas carteiras até o final de setembro. "Estamos observando mais cuidadosamente para ver se há quaisquer atividades especulativas no mercado. Não excluiremos nenhuma alternativa e tomaremos ação decisiva quando necessário", disse o ministro Noda.

Também ontem, a empresa de avaliação de risco Moody's rebaixou a classificação dos títulos do Japão para AA3, colocando-os no mesmo nível dos papéis da China.

Fonte: Valor