TÓQUIO – Yoshihiko Noda foi eleito hoje, pela câmara baixa do parlamento japonês, o sexto primeiro-ministro do país em cinco anos. Ele terá tantos problemas pela frente que a última coisa que precisa é de relações complicadas com a China.
Ainda assim, Noda é visto com preocupação pelo país vizinho, que também é o maior parceiro comercial do Japão. A imprensa chinesa, de modo geral, tem retratado Noda como um nacionalista da direita e prevê um período de relações complicadas entre Japão e China.
O novo premier japonês é retratado pela imprensa chinesa como um nacionalista da direita
Até mesmo os jornais mais liberais destacaram, por exemplo, um comentário que Noda fez em 2005 e que reiterou este mês, defendendo que os líderes da Segunda Guerra que são homenageados no memorial Yasukuni, em Tóquio, não sejam mais considerados criminosos.
“Um falcão tornou-se primeiro-ministro no Japão”, escreveu o nacionalista Global Times. As visitas de políticos ao memorial costumam enfurecer os vizinhos do Japão, que veem o local como a glorificação do militarismo e um sinal da incapacidade japonesa de abandonar seu passado imperialista.
Em editorial contundente, a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, pediu a Noda que não ignore os “principais interesses” de Pequim, que não visite Yasukuni e que reconheça o suposto direito da China sobre as ilhas Senkaku, no Mar do Leste da China, que hoje são controladas pelo Japão.
Noda não visitou Yasukuni este ano e analistas japoneses acreditam que ele não fará isso agora que é premiê. Para o professor de ciência política da Universidade Sophia, em Tóquio, Koichi Nakano, Noda poderá até mesmo minimizar seus comentários anteriores sobre o memorial.
“Muita gente aprendeu a lição com a ‘era do gelo’ de Koizumi’”, disse ele, referindo-se ao ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que visitou o memorial e manteve relações frias com a China e a Coreia do Sul. “Noda não tem interesse em complicar sua situação criando um clima de animosidade num momento em que precisa cooperar com as nações asiáticas para tirar o Japão da letargia econômica”, acrescentou.
A China ultrapassou os EUA e é hoje o principal parceiro comercial do Japão; a corrente de comércio entre os dois países chegou a US$ 176 bilhões no primeiro semestre do ano. A expansão da classe média chinesa cria potencial para as exportações do Japão, que por sua vez tenta atrair também mais turistas do país vizinho.
(Associated Press)