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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Oposição deve ganhar com folga no Japão


Se as pesquisas se confirmarem, no dia 16 o conservador Partido Liberal Democrático (PLD) irá retomar o poder no Japão com uma surpreendentemente sólida maioria. O triunfo do partido, que governou o país quase ininterruptamente por 54 anos, até 2009, marcará a volta de Shinzo Abe ao cargo de primeiro-ministro e, ao que tudo indica, uma agressiva mudança na política monetária.
Abe, que governou o país por apenas um ano, até sair em 2007, vem pressionando o Banco do Japão (o banco central) para adotar um afrouxamento monetário ainda mais forte, como forma de combater a persistente deflação e um iene extremamente valorizado. "Não tenha dúvidas, uma mudança fundamental nas políticas [do BC] está chegando ao Japão", disse Jesper Koll, analista do J. P. Morgan, em Tóquio.
Durante a campanha, Abe ainda prometeu uma posição dura contra a China na disputa pela posse das ilhas Senkaku, relaxar as restrições da Constituição pacifista do país à atuação das Forças Armadas e reescrever as narrativas oficiais do passado bélico japonês, vistas por conservadores como excessivamente arrependidas.
Pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem por três dos principais jornais japoneses indicam que o PLD irá conquistar uma folgada maioria na câmara baixa do Parlamento. Dos 480 assentos, o partido - que atualmente conta com 118 deputados - poderá ficar com de 257 a 306 no novo Legislativo.
"As pesquisas sugerem que a votação vai ser uma imagem invertida da que aconteceu há três anos e meio. Naquela eleição, os eleitores decidiram se livrar do PLD e votaram no PDJ [Partido Democrata do Japão], embora não tivessem expectativas particularmente altas", disse Gerry Curtis, professor da Universidade Columbia, de Nova York. "E agora estão dispostos a descartar o PDJ, o que significa uma grande vitória para o PLD, apesar de haver pouco entusiasmo pelo partido ou por Abe."
O PDJ, de centro-esquerda, chegou ao comando do país pela primeira vez em 2009, com as promessas de pôr políticos, e não burocratas, como responsáveis pelas ações do governo e de dar mais atenção aos consumidores do que às empresas na hora de formular suas políticas. Segundo os seus críticos, o partido, abalado por divisões internas, não conseguiu honrar os compromissos assumidos.
Em agosto, o atual primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, rachou o PDJ ainda mais, ao aprovar, com a ajuda da oposição, um impopular aumento do imposto sobre valor agregado para diminuir a dívida pública - a maior entre todos os países avançados do mundo, em torno de 230% do Produto Interno Bruto (PIB).
Fonte: Valor