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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Japão lança programa de estímulo a energia limpa

O governo japonês aprovou ontem um plano de incentivo à produção de energia limpa que deve resultar num investimento de pelo menos US$ 9,6 bilhões em novas instalações com capacidade de geração de 3,2 gigawatts. Dependente de combustíveis fósseis e da energia nuclear, o país enfrenta dificuldades para suprir indústrias e residências com eletricidade desde o tsunami de março do ano passado que causou o acidente de Fukushima e provocou a paralisação de todos os reatores atômicos.

Com o plano de subsídios entrando em vigor a partir do dia 1º, o Japão deve superar Alemanha e Itália e se tornar o segundo maior mercado global de energia solar. O Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês estabeleceu o preço de 42 ienes (R$ 1,09) por kilowatt-hora durante 20 anos para a eletricidade solar - o triplo do que as indústrias pagam pela energia convencional.

Após a implementação da nova medida, as companhias distribuidoras de eletricidade serão obrigadas a comprar toda a produção dos fornecedores de energia limpa. Antes, as distribuidoras não precisavam comprar mais do que 500 quilowatts-hora. "A tarifa é bastante atraente", disse Mina Sekiguchi, diretora de energia e infraestrutura da KPMG no Japão. "A taxa reflete a intenção do governo de estabelecer muitas unidades de energia solar em pouco tempo."

O plano adotado pelo gabinete do primeiro-ministro Yoshihiko Noda foi recebido com alguma preocupação por grupos empresariais, que acreditam que o incentivo à energia limpa vai aumentar custos e retardar a recuperação econômica do Japão.

"É um mecanismo com um alto grau de intervenção no mercado, ao estabelecer tarifas artificialmente altas e fazer os usuários arcarem com os custos", afirmou Masami Hasegawa, gerente-sênior do departamento de política ambiental do Keidanren, o mais poderoso grupo de lobby empresarial do país. Segundo o governo, os custos serão repassados aos consumidores e, na média, as contas mensais de eletricidade de cada lar ficarão 87 ienes (R$ 2,26) mais caras.

De acordo com estimativas da consultoria New Energy Finance, o Japão ficará atrás somente da China em termos de crescimento da capacidade solar. Num ranking global de novas instalações, o Japão ficou em sexto lugar no ano passado, quando somou mais 1,3 gigawatts à base de 3,7 gigawatts de energia solar. Um gigawatt é capaz de suprir energia a 243 mil residências. Como comparação, a usina de Belo Monte deverá ter uma potência instalada de 11,2 gigawatts.

Apesar da oposição da maioria da população, no sábado, o governo aprovou o reinício das operações de dois reatores nucleares - desde o acidente de Fukushima, todos os 50 reatores do país estavam parados. "Devemos ter como meta reduzir a dependência de energia nuclear tanto quanto possível no médio e longo prazo", disse o premiê Noda, procurando amenizar a medida.

Antes do tsunami, a energia nuclear respondia por quase 30% do consumo de eletricidade do país. De toda a eletricidade gasta pelo Japão em 2011, apenas 1,6% veio de fontes renováveis, o segundo menor índice entre os países do G-7.

Fonte: Bloomberg / Valor