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sexta-feira, 15 de junho de 2012

No Japão, celular já faz até tradução simultânea


A reboque da febre dos smartphones no Brasil, cresceu quase no mesmo ritmo o número de ambientes equipados com Wi-Fi, o acesso sem fio a internet em banda larga. No Japão, onde multidões se deslocam com a cabeça estática e os olhos fixos nas telas dos celulares, o cenário é diferente. Ao chegar à capital, Tóquio, causa certa estranheza a ausência de Wi-Fi gratuito em locais como restaurantes, lojas e áreas comuns de hotéis. A explicação está na elevada capacidade da banda larga móvel em operação no país asiático, que acaba tornando menos atrativa para o usuário a opção pelo serviço de outros provedores.

Por preciosismo nipônico, a banda larga móvel ainda não é localmente chamada de quarta geração (4G), mas sim de 3,9G. Mesmo não desfrutando do título, o serviço funciona desde 2010 no padrão LTE (Long Term Service), o mesmo que será oferecido como 4G pelas operadoras no Brasil. A diferença é que os japoneses só devem reconhecer a nova geração quando a velocidade de download atingir comercialmente 100 megabits por segundo (Mbps). Atualmente, o padrão reconhecido como 3,9G, oferecido pela NTT DoCoMo, maior operadora de telefonia do Japão, chega a 37 Mbps na grande Tóquio, um colosso se comparado ao serviço verde e amarelo, que dificilmente passa de 1 Mbps.Por US$ 100 é possível contratar um pacote de internet "flat", como os japoneses chamam o serviço de acesso ilimitado.

E esses não são os únicos diferenciais. A DoCoMo está testando um aplicativo, baseado em LTE e computação em nuvem, que faz a tradução simultânea de conversas feitas por videochamada. O sistema, de acordo com a operadora, deve ser lançado ainda este ano.

Uma das principais expectativas para a chegada do padrão 4G é justamente a consolidação dos serviços móveis de multimídia e de geolocalização. Atualmente, os japoneses já comandam por voz os aplicativos de mapas. Basta dizer o lugar e um mapa completo surge na tela, indicando a localização e tudo ao redor, como lojas, estações de metrô, hospitais etc. No mesmo serviço, lojas distribuem cupons eletrônicos do tipo "entre aqui agora e ganhe um desconto".

Também baseado em LTE e nuvem, a operadora japonesa promete para breve um aplicativo de reconhecimento instantâneo de imagens. Uma fotografia é tirada de um edifício e, em segundos, surge na tela outro retrato, do mesmo local, 20 ou 30 anos atrás. O conceito que se tem hoje é de que o serviço 3G facilita a vida das pessoas, mas o 4G interfere diretamente.

Desde que lançou comercialmente o padrão tecnológico LTE no Japão, em julho de 2010, a operadora migrou 2,3 milhões de clientes para o serviço. Até março de 2013 serão investidos US$ 3,6 bilhões para levar o LTE a 40% da população. A meta é atingir 98% de cobertura em 2014 e acumular 10 milhões de clientes nos próximos 12 meses. A empresa também pretende lançar este ano o serviço LTE Plus, que será finalmente chamado de 4G. Os testes têm apontado velocidades de transmissão de 1 Gbps no download.

Com toda essa abundância de capacidade, o tráfego de dados disparou no Japão. Em 2012 a receita da DoCoMo com dados poderá atingir US$ 25 bilhões e, pela primeira vez, superar o faturamento com serviços de voz. O volume de dados consumidos este ano é 80% superior ao verificado no mesmo período de 2011. Por essa razão, a companhia teve que ampliar o espectro de sua banda larga móvel, que até então ocupava a faixa de 2 GHz e agora avançará também para 1,5 GHz.

Recentemente, a DoCoMo enfrentou uma série problemas com o seu serviço, o que acabou custando uma mordida de 20% na remuneração dos altos executivos, incluindo o presidente, Ryuji Yamada. A operadora vem mantendo um faturamento médio na casa dos US$ 50 bilhões, nos últimos anos. O mercado japonês é disputado com a KDDI, que oferece banda larga móvel pela tecnologia WiMax, concorrente do LTE, e com a Softbank, que levou o iPhone para o Japão e vem colhendo bons resultados.

Fonte: Valor Econômico