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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Japão tem 1º déficit comercial com a UE


O Japão registrou ontem o seu primeiro déficit mensal na balança comercial com a União Europeia (UE), o que ressalta a crescente vulnerabilidade da terceira maior economia do mundo às oscilações na demanda externa.

O déficit de 11 bilhões de ienes (US$ 139 milhões) na balança com a UE em maio, o primeiro desde o início dos registros comparáveis, em 1979, é a culminação de uma tendência de quatro anos na qual os enormes superávits do Japão com os seus mais importantes parceiros comerciais foram gradualmente desaparecendo.

Para analistas, apesar de ainda desfrutar de superávits com a Ásia (165 bilhões de ienes em maio) e a América do Norte (301 bilhões de ienes), os dois maiores blocos comerciais para exportações, o país não mais pode depender de uma balança positiva com a UE.

"Não temos nenhuma esperança em relação à Europa", disse Kiichi Murashima, economista-chefe do Citi em Tóquio. "A fraqueza nas exportações no mês passado teve uma base ampla, indo de químicos a maquinário." O déficit com a UE pode prosseguir pelo resto do ano, acrescentou Yuichiro Nagai, do Barclays de Tóquio, à medida em que a crise da dívida afeta a demanda pela zona do euro.

No geral, o Japão teve em maio um déficit comercial de 907 bilhões, 5,4% maior do que em relação ao mesmo mês de 2011, o qual foi atingido por interrupções na cadeia de suprimentos após o tsunami. Os dados podem ter graves implicações para o Japão. No curto prazo, analistas disseram que o cenário desalentador aumenta as chances de o Banco do Japão atuar no mês que vem no sentido de afrouxar a política monetária pela terceira vez desde fevereiro.

No longo prazo, o desequilíbrio pode tornar mais complexas as discussões entre UE e Japão para um acordo de livre-comércio. Pode também despertar de novo os temores quanto à sustentabilidade da sua dívida pública, a maior do mundo. Se a conta corrente entrar no vermelho, como já aconteceu duas vezes desde a crise do Lehman, o país se tornará um importador de capital, dependendo de estrangeiros para financiar, na margem, suas dívidas.

Fonte: Valor Econômico