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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Empresas do Japão escolhem Paraná para novos investimentos

Antes de visitar o Estado, as indústrias recebem dados ecônomico-tributários e operacionais, caso queiram se implantar em alguma cidade paranaense

Marly Higashi

Curitiba, 24/out - As indústrias japonesas estão chegando no Paraná. Grande celeiro agrícola e com o parque industrial em franca expansão, o Estado vem provando que São Paulo não é apenas a única meca de investimentos.

Desde a turbulência financeira mundial, ocorrida em 2008, 18 empresas de capital nipônico visitaram a região. Levaram às sedes japonesas dados econômicos para analisar a viabilidade de se fincarem em cidades paranaenses.

Ressalte-se, porém, que esse interesse pelo Estado vem se acentuando desde a última década, atestada pela vinda de empresas como a Kayaba do Brasil, Toshiba, Makita, SNR Rolamentos, e Jtekt (fusão). Atualmente, duas companhias, a Sumitomo Rubber e a Hamaya, estão em fase de implantação na Fazenda Rio Grande e a THK Rythm assinou o protocolo de intenção com o governo de Ponta Grossa.

A vinda de investimentos, gerando mais desenvolvimento e emprego ao Estado, não é o resultado apenas da emergência do Brasil no cenário mundial. É também o fruto do trabalho atuante da Câmara do Comércio e Indústria Brasil-Japão do Paraná, tendo à frente o nikkei Yoshiaki Oshiro.

"Antes de se deslocar ao Brasil, as empresas nipônicas recebem todos os dados sócio-econômicos da cidade-alvo, informações sobre as cargas tributárias, operacionais, custo de fretes e até de terrenos", explica o presidente.

"Se precisar de indicadores complementares, podem se valer de e-mail ou videoconferência e ter o assessoramento na discussão do projeto e na sua viabilização, incluindo abertura formal de empresa, aprovação legal e contratação de serviços", detalha o diretor de projetos, Fujio Takamura.

"A Câmara atua como canal mediador, prospectando dados para auxiliar na agilização de decisões, já que a análise e a vinda de um empreendimento demandam tempo, sem contar que os japoneses são muito prudentes", pondera Heberthy Daijó, diretor de marketing.

A entidade criou um site, inclusive com versão em japonês: http://ccibj.com.br/.

Segundo Oshiro, a recente crise econômica mundial que desencadeou a alta do iene e a dificuldade no cumprimento dos contratos de fornecimento por parte das indústrias japonesas intensificaram essa vontade de aportar em novos continentes. "O tsunami que provocou o racionamento elétrico acelerou o processo", completa.

Como prova cita que a Jetro de São Paulo tem recebido três visitas por dia, correspondentes a 60 por mês. "É um número de peso que pode crescer mais, se considerar que existem 10 mil empresas nipônicas na China", se entusiasma.

Perfil das empresas

Na esteira desta mudança, os setores que mais tem despertado atração é o automotivo e o agrícola, sobretudo na área de tecnologia de alimentos. O Japão detém um know-how avançado em termos de reaproveitamento de resíduos de grãos. Próspera região agrícola, o Paraná pode ter papel importante em 2020, quando está prevista uma crise mundial no estoque de alimentos.

E se equivoca quem pensa que são apenas as multinacionais que estejam vindo. As pequenas e médias empresas também estão apostando no Estado. E uma das saídas, aconselhadas pela Câmara para aliviar custos de implantação, são as fusões ou parcerias, pois muitos empresários brasileiros correm atrás da melhoria da qualidade para elevar a competividade internacional. As parcerias com os associados da Câmara podem ser um grande empurrão.

Os interessados se instalam no Brasil não apenas para fornecer peças para as indústrias-mães japonesas. Um exemplo é a Kayaba que se associou com a empresa sul coreana Mando. Ela vai agora atender a Honda e a Hyundai do Brasil.

E a busca por localidades para instalação também vem se diversificando. Em compasso com o plano do governo do Paraná, que vem promovendo a interiorização do desenvolvimento, o órgão tem mostrado às missões empresariais a vitalidade econômica dos quatro pólos regionais: Londrina, Maringá, Foz de Iguaçu e Cascavel. Uma das vantagens da Câmara é o bom relacionamento com o governo estadual.

Obstáculos ao empreendimento

O presidente da entidade lembra que uma das preocupações dos japoneses é a carga tributária. Ele, porém, tem argumentado que é possível minimizar a cascata de tributos. Uma das saídas é recorrer ao sistema de ukeoigaisha (terceirização) ao qual os japoneses estão acostumados.

Outro receio é a ocorrência de greves. "É possível também criar mecanismos que estimulem a fidelização e a profissionalização dos trabalhadores", comenta. Outra dúvida dos empreendedores recai sobre a garantia da sustentabilidade das leis por temerem que elas mudem com uma simples canetada.

Frente aos receios, Oshiro recomenda que as empresas relevem os resultados lucrativos que as antecessoras vem obtendo, ressaltando que o Paraná e o Brasil devem ser vistos dentro de um contexto maior de atrativos como população, renda per capita. E o ambiente propício a investimentos no Brasil tem fortalecido a cooperação entre as diversas câmaras.

Oportunidade para dekasseguis

Com a chegada dos investidores japoneses ao Brasil, crescem as oportunidade de emprego para os dekasseguis. A Câmara pretende firmar convênio com o Instituto Federal para treinamento dos retornados.

Os interessados a alguma vaga de emprego podem cadastrar o currículo no site da entidade, destacando as habilidades em que se especializaram no Japão. Em parceria com a Associação Brasileira de Dekasseguis de Curitiba, o órgão encaminhará os currículos conforme o perfil desejado pelas empresas. Não há compromisso de colocação.

Fonte: http://www.alternativa.co.jp/