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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

BC de olho no Japão

Os investidores japoneses têm um apetite e tanto por risco Brasil. Têm montantes expressivos de recursos aplicados em real ou em ativos denominados em real e a possibilidade de esses investidores mudarem de ideia a nosso respeito preocupa gestores e também o governo. Os japoneses estão no foco do Banco Central (BC).

A autoridade monetária acompanha com atenção os US$ 90 bilhões de investimentos vinculados ao real ou aplicados diretamente em ativos no Brasil. Desse total, US$ 57 bilhões são lastreados em contratos derivativos que têm contraparte por aqui, e US$ 33 bilhões são representados por ativos ou corporativos.

A piora do cenário internacional pode levar a um eventual desmonte de posições que, pelo tamanho, tende a influenciar o mercado de câmbio. Em setembro, quando o dólar ganhou terreno sobre o real, sinais de saída desses recursos chamaram a atenção do BC.

Mas Tony Volpon, chefe de mercados emergentes para a América Latina da Nomura Securities, explicou a Lucinda Pinto e Filipe Pacheco, em reportagem publicada pelo Valor, que a queda do patrimônio desses fundos tem a ver muito mais com a perda recente de valor dos ativos nos quais esse dinheiro está investido do que com saques líquidos de recursos.

Segundo ele, o fluxo de dinheiro aos chamados fundos Toshin — fundos mútuos que dão a opção aos clientes de selecionar a moeda na qual querem investir — “está no zero a zero, ou no mesmo patamar que de agosto deste ano, não há uma saída significativa de investimentos”. O Nomura administra cerca de 60% dos fundos Toshin que existem no mercado.

Há algumas semanas, a Western Asset Management, um dos maiores gestores globais de recursos de terceiros, alertava para o desmonte de posições de fundos ‘double-decker’, de investidores japoneses, que também pode estar alavancando a valorização do dólar ante o real.

Os ‘double-deckers’ – fundos que assumem posições em mercados de risco e também compram derivativos de moedas para alavancar os ganhos – têm o real como moeda predileta. A moeda brasileira representa cerca de 90% dessas operações, de um estoque avaliado em US$ 60 bilhões.

A avaliação da Western levava em conta a deterioração do cenário externo e o fato de a porta de saída do câmbio ter ficado mais estreita depois que o governo aumentou as margens requeridas dos bancos para manter posições vendidas em dólar e lançou o IOF de 1% sobre a variação das posições em derivativos cambiais no Brasil.

“Qualquer movimento de venda mais intenso pode levar ao overshooting neste mercado, provocando stop loss em fundos e fazendo com que agentes até o momento sem proteção cambial busquem essa proteção a qualquer custo”, afirmava a gestora.