No Comentário de hoje, Hideo Kumano, economista-chefe do Instituto de Pesquisas Dai-Ichi Life, nos fala sobre o desafio de se elevar o imposto sobre o consumo e, ao mesmo tempo, revitalizar a economia do Japão.
Perguntamos a ele qual é o principal motivo que teria levado o primeiro-ministro Shinzo Abe a tomar sua decisão final de elevar o imposto sobre o consumo.
Ele diz acreditar que, na realidade, o primeiro-ministro era contrário à elevação do imposto sobre o consumo. Isso se deve ao fato de que um aumento de imposto sempre é acompanhado de altos riscos políticos para qualquer governo. O economista acredita que o premiê esperava, se possível, alcançar reconstrução fiscal por meio do aumento da arrecadação de imposto gerado apenas pela expansão da economia.
No entanto, a política econômica do premiê, conhecida como "abenomics", tem sido bem avaliada especialmente no exterior, e o governo de Abe tem sido elogiado por ter conseguido revitalizar o mercado japonês. Isso não ocorreu principalmente por meio de atividades corporativas, mas sim devido à desvalorização do iene e ao aumento dos preços das ações.
Analistas no exterior também salientam que o maior risco para a economia japonesa é a piora da situação fiscal. Assim, o primeiro-ministro Abe precisou dar importância à ideia para que o Japão minimizasse o risco fiscal por meio da elevação do imposto sobre o consumo e para que o ambiente de investimentos no país melhorasse.
Durante uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira, o premiê Abe disse que a revitalização econômica e a reconstrução fiscal podem ser alcançadas ao mesmo tempo. Perguntamos ao economista o que precisa ser feito para que isso seja alcançado.
De acordo com ele, caso o imposto sobre o consumo seja elevado e os salários não sofram alterações, o poder de consumo dos trabalhadores deve diminuir. Isso teria um grande efeito negativo sobre a economia.
Para evitar isso, o premiê Abe teve uma ideia original: a de abolir um imposto corporativo especial usado de maneira exclusiva para a reconstrução de áreas afetadas pelo desastre de 2011 um ano antes do que o planejado. Assim, o premiê planeja pedir que as empresas elevem os salários.
Por outro lado, as empresas acumularam pelo menos um total de 2,3 trilhões de dólares. Elas acumularam tais reservas pois seus líderes estão ansiosos quanto ao futuro da economia. Executivos dessas empresas não devem consentir em elevar os salários a menos que sua ansiedade seja aliviada.
Para isso, o terceiro pilar da Abenomics, o de estratégias de crescimento, precisa ser fortalecido e sustentado.
O economista diz acreditar que é importante implementar de maneira sustentada estratégias de crescimento de médio e longo prazos para encorajar os executivos e também para criar um ambiente de negócios em que aumentos salariais possam ser sustentados especialmente para trabalhadores da classe média.
Fonte: NHK