O governo de Santa Catarina anunciou esta manhã a abertura do mercado japonês à carne suína produzida no Estado. O país asiático reconheceu Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação após cerca de sete anos de negociações. De acordo com comunicado publicado no site do governo catarinense, o embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, confirmou, ontem à noite, a liberação da carne suína do Estado.
Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria, Produtora e Exportadora de Carne Suína), que iniciou as negociações com o Japão, afirmou que “a formalização da abertura do mercado para as exportações de carne suína de Santa Catarina conclui um ciclo de muito trabalho”, que envolveu os governos de Santa Catarina e federal, produtores e agroindústria.
Em sua opinião, a abertura do mercado japonês “muda a suinocultura” no país, já que deve alavancar as vendas da carne suína produzida em Santa Catarina. Só no ano passado, o Japão importou US$ 5 bilhões em carne suína de várias origens, de acordo com Camargo Neto. Ele estima que o Brasil poderia exportar entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões do produto ao mercado japonês.
A catarinense Coopercentral Aurora, uma das maiores processadoras de carne suína do país, informou, em nota, que sua unidade de abate localizada em Chapecó é uma das plantas que serão habilitadas a exportar ao Japão.
Em comunicado, o presidente da Aurora, Mário Lanznaster estima que os asiáticos podem comprar um volume semelhante às 500 mil toneladas por ano comercializadas nos “bons tempos de exportação para a Rússia”. Antes de levantar barreiras contra dezenas de frigoríficos brasileiros, a Rússia era o principal destino das vendas nacionais de carne suína. Atualmente, o Japão compra 1,2 milhão de toneladas de carne suína por ano, segundo Lanznaster. Os EUA são o principal fornecedor do produto.
Para a Aurora, a abertura do mercado japonês pode representar vendas entre 200 e 400 toneladas já neste ano. “É um processo lento, mas calculamos que em 90 dias estaremos embarcando de três a quatro contêineres, com 25 toneladas cada”, afirmou o executivo, no comunicado.
O “processo lento” a que Lanznaster se refere terá início com uma visita de uma comitiva do Japão ao Brasil. Nesse encontro, os japoneses visitarão as indústrias de Santa Catarina indicadas pelo Ministério da Agricultura brasileiro.
Segundo a Aurora, os japoneses pretendem comprar cortes nobres de carne suína, tais como pernil, paleta, sobrepaleta e carré. “Os clientes da Aurora no Japão, que há décadas compram carne de frango, já estão mantendo contatos para a negociação com a carne suína”, diz o comunicado.
Fonte: Valor