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terça-feira, 17 de maio de 2011

No Japão, bancos tentam evitar êxodo na área destruída

Shigeru Sato e Shingo Kawamoto, do Bloomberg BusinessweeK - Takao Suzuki estava presidindo uma reunião de conselho no quarto andar da sede do Daito Bank quando aconteceu o terremoto. Quando as janelas se despedaçaram e o chão balançou, ele correu para abrir a porta e assegurar uma rota de fuga.

Menos de um mês depois, enquanto radiação continuava a escapar da usina Fukushima Dai-Ichi, a 61 quilômetros dali, Suzuki continuava em um estado de urgência. Ele despachou três diretores do banco para circular pela região para conceder empréstimos enquanto o pior acidente nuclear do mundo em 25 anos ameaçava expulsar empresas. "Temos que evitar um êxodo de pessoas e negócios", afirma Suzuki, 57, o presidente do banco, em seu escritório em Koriyama, onde as vidraças trincadas pelo tremor estão fixadas com fitas adesivas.

Suzuki e os executivos esforçaram-se para emprestar até 20 bilhões de ienes (US$ 248 milhões) para ajudar companhias a reparar prédios e fábricas e continuar em operação. Os desafios que Suzuki enfrenta são ilustrados por um dos tomadores de empréstimos, a Toyo System, fabricante de testadores de baterias recarregáveis que abriu uma linha de crédito de 200 milhões de ienes. A empresa está usando parte do dinheiro emprestado para construir uma fábrica fora da província de Fukushima devido a preocupações com radiação, de acordo com o presidente da companhia, Hideki Shoji. "Homens como eu, com quase 50 anos, podem ficar aqui, mas meus trabalhadores de 20, 30 e 40 e poucos anos deveriam ir para a nova fábrica", ele diz. Junto com a segurança do trabalhador, Shoji acrescenta, foi preciso levar em conta a exigência de alguns clientes do país e do exterior para que os produtos venham com certificados mostrando que estão livres de contaminação radioativa.

Algumas empresas estão sendo forçadas a se transferir depois que o governo estabeleceu uma zona de exclusão num raio de 20 quilômetros ao redor dos reatores e determinou a evacuação dos habitantes de algumas vilas fora da área até o fim de maio porque a radiação atingiu níveis perigosos. A Toto, fabricante de peças para banheiros e cerâmicas especiais, suspendeu as operações em duas fábricas dentro da zona que produzem partes para cabos de fibra ótica, segundo o porta-voz Yukinori Saijo. O próprio Daito Bank esvaziou duas filiais dentro da área.

O Toho Bank, o maior da província de Fukushima, está oferecendo crédito barato para atrair clientes. O banco revelou um plano para conceder empréstimos de até 300 milhões de ienes a negócios locais com desconto de 0,2 ponto percentual na taxa de juros habitual. "O tempo é fundamental", diz o presidente Seishi Kitamura, 64. "Quanto mais demorar para o início da reconstrução, maior o risco de que as empresas percam o apetite para reconstruir."

Ao mesmo tempo em que estão ansiosos para ampliar o crédito, os bancos podem enfrentar perdas com os empréstimos existentes. A província de Fukushima teve um prejuízo de 3,1 trilhões de ienes com danos a estradas, prédios e fábricas, de acordo com um estudo conduzido pelo estatal Banco do Desenvolvimento do Japão.

Esse número exclui o impacto econômico adverso da contaminação radioativa. É cedo demais para os bancos do nordeste japonês estimarem os empréstimos podres enquanto o desastre fecha negócios e põe pessoas na rua, diz Yasuhide Yajima, do Instituto de Pesquisas NLI, em Tóquio. "Sem um resgate governamental, bancos em Iwate, Miyagi e Fukushima terão dificuldades para enfrentar a situação sozinhos", afirma Yajima.

Credito: Shigeru Sato e Shingo Kawamoto

Fonte: Valor