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segunda-feira, 16 de maio de 2011

7 Perguntas: Deputado Federal Luiz Nishimori

Estreiando no novo site da câmara, o quadro "7 Perguntas" propõe todo mês a publicação de entrevistas exclusivas com políticos, empresários, lideranças locais e demais atores envolvidos no comércio e indústria do estado.

O entrevistado de maio é o deputado federal Luiz Nishimori, que contou um pouco sobre sua linha de atuação na câmara federal e seus projetos em prol dos paranaenses.

1. É a primeira vez que o senhor é eleito para o cargo de deputado federal. Foi uma bela eleição que contou com o voto e apoio de mais de 70 mil paranaenses. Conte-nos sobre esta experiência e como estão os trabalhos na câmara dos deputados.

Sem dúvida foi uma grande eleição. De antemão aproveito o espaço concedido para mais uma vez agradecer a todos os paranaenses que confiaram seus votos em mim. Estou certo de que não irei decepcioná-los. Mas a experiência foi fantástica. Os oito anos que exerci como deputado estadual me deram os alicerces necessários para adentrar a câmara federal com uma boa noção de como funciona a vida pública, que como qualquer área e/ou atividade, possui seus problemas, virtudes, e exige um certo grau de conhecimento técnico. Por isso optei por atuar somente em comissões sobre temas na qual eu já possuo um knowhow e experiência o suficiente para ajudar ao máximo o povo do Paraná, como agricultura, indústria, comércio e relações exteriores. No quesito agricultura, por exemplo, hoje foco meus esforços em medidas que estejam em sintonia com os anseios dos pequenos e médios produtores do estado, sobretudo nesta fase de discussão do código florestal, que ainda gera muitas dúvidas sobre sua finalidade e eficácia. Acredito que cada estado deve ter seu próprio código florestal, levando em consideração as peculiaridades e características de cada região, sempre pautando-se em laudos científicos e técnicos. Outro ponto que defendo é a premiação dos agricultores que colaboram com a produção de alimentos sem deixar de lado a preservação do meio ambiente.

2. A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara aprovou o acordo de previdência Brasil Japão, assinado em julho de 2010 em Tóquio. O acordo facilita o acesso dos cidadãos aos sistemas de previdência social dos dois países. Quais são os próximos passos a serem tomados em torno do acordo?

Este é um assunto muito importante e que diz respeito a todos nós. De fato o acordo fora aprovado recentemente e dá continuidade a todo o processo. O mesmo fora discutido e aprovado por unanimidade entre os colegas da comissão, na qual fui relator, agora, dia 13 de abril, além de ter amplo apoio no plenário. Atualmente apenas Espanha, Portugal e Itália, possuem acordos previdenciários com o Brasil. A nossa comissão de Relações Exteriores também está lutando para o estabelecimento de um acordo semelhante entre Brasil e Estados Unidos, em função do alto número de brasileiros que lá vivem e trabalham. O próximo passo, portanto, será aprovar definitivamente o acordo, o que é uma questão tempo, uma vez que todos os envolvidos já mostraram-se amplamente a favor do mesmo. Com paciência e serenidade chegaremos lá. Estou confiante e trabalhando ao máximo para isso, afinal serão mais de 270 mil beneficiados.

3. O senhor foi um dos articuladores do denominado “jogo da solidariedade” ou “futebol solidário”, que reuniu estrelas do nosso futebol numa partida beneficente em prol das vítimas do terremoto que atingiu o Japão em março deste ano e desabrigados das enchentes do litoral do Paraná. Conte-nos sobre este processo?

Foi maravilhoso. Na verdade meu papel foi mais de bastidor, no intuito de agremiar o maior número possível de voluntários para que a partida fosse realizada com sucesso. Após o terremoto recebi a ligação de representantes da comunidade nipo-brasileira de Cascavel (oeste do estado) na qual possuem estreita relação com o atleta Alcindo Sartori, que há tantos anos jogou ao lado do Zico no Japão, e até hoje é reverenciado por lá. Ele, juntamente com Zico, deram a ideia da partida beneficente, que rapidamente fora amplamente apoiada por diversas instituições, comunidade nipo-brasileira do estado, atletas, capital privado, Consulado Geral do Japão em Curitiba, Federação Paranaense de Futebol, Clube Atlético Paranaense, e pelo governador Beto Richa, que sugeriu que 40% da renda arrecadada fosse também destinada aos desabrigados das enchentes do litoral. Foram mais de 22 mil solidários que geraram uma renda em torno de R$369 mil. E novamente, fazendo uso deste espaço concedido, ressalto os meus mais sinceros agradecimentos a todos os envolvidos neste fantástico projeto, inclusive a câmara, que adquiriu mais de 2000 ingressos e R$15.000 em publicidade através das empresas associadas e parceiras (Yazaki, Denso, Furukawa, Sysmex, Elco Engenharia e Toshiba). Foi uma vitória do povo do Paraná, que deu um exemplo de união, superação e solidariedade.

4. Muitas empresas do Japão vêm sofrendo economicamente com o impacto gerado pelo terremoto de Tohoku, como ficou conhecido. Com isso, houve um acréscimo de demissões e cortes orçamentários pelas empresas, desempregando conseqüentemente muitos dekasseguis. Existe algum projeto ou ação em estudo ou execução que auxilie estes brasileiros na volta ao Brasil, sobretudo em termos de re-inserção no mercado de trabalho?

Apesar do momento pessimista em que vive a economia do Japão, muitos dekasseguis ainda mantiveram-se empregados, o que é muito bom. Por outro lado a ascensão da economia brasileira e a constatada escassez de mão-de-obra qualificada vêm possibilitando que o mercado de trabalho do país re-insere naturalmente muitos destes brasileiros afetados pelo terremoto, que há tantos anos trabalharam no Japão em situações onde factualmente exige-se um alto grau de disciplina e dedicação. Portanto, muitos destes dekasseguis podem voltar ao Paraná e trabalharem em empresas japonesas aqui instaladas, que zelam justamente por algumas destas características. E em termos salariais, os índices Brasil-Japão se equiparam, pois hoje um brasileiro que trabalha no Japão recebe em média 2 mil dólares por mês, enquanto que um trabalhador no Brasil (que atue numa empresa japonesa) recebe algo em torno de R$2.700 a R$3.200. Ou seja, precisamos aproveitar o próspero momento em que vive nossa economia para re-alocar estes trabalhadores. Mas é preciso que estejamos preparados para receber estes brasileiros. Com este objetivo venho dialogando com o governo do Paraná e entidades interessadas na busca por soluções e/ou implementação de projetos que visem dar toda assistência e apoio aos dekasseguis.

5. Em março deste ano o senhor foi eleito presidente do Conselho de Administração e diretor para Assuntos Brasil-Ásia da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná. Conte-nos sobre sua ligação com a entidade e quais ações o senhor pretende nortear em conjunto da mesma.

Enquanto empresário, sou sócio e apoiador dos trabalhos desenvolvidos pela instituição há mais de uma década. A câmara consolida-se hoje como uma das principais instituições nipo-brasileiras do sul do país e traz consigo um knowhow de mais de 30 anos de atividades voltadas a promoção de investimentos japoneses no Paraná. Com o atual presidente, Yoshiaki Oshiro, a câmara vem abrindo gradativamente suas portas a outras entidades ligadas ao comércio e indústria, o que é muito bom, pois polariza coletivamente interesses em prol do desenvolvimento econômico do estado. Como presidente do Conselho de Administração e diretor para Assuntos Brasil-Ásia, pretendo dar enfoque principalmente nas já tradicionais missões econômicas ao Japão, buscando fomentar o intercâmbio de transferência de tecnologia em diferentes segmentos, área na qual ainda podemos aprender muitas coisas com os japoneses. Em linhas gerais, ambos os cargos são desafiadores. Aceitei com muita honra e espero contribuir ao máximo para o desenvolvimento da instituição e do Paraná.

6. Este ano o Paraná foi surpreendido positivamente com o anúncio da vinda da Dunlop (empresa do grupo Sumitomo) fabricante japonesa de pneus. Como andam as negociações?

A vinda da Dunlop ao país começou a ser esboçada ainda em novembro do ano passado quando o Governador da província de Hyogo, Toshizo Ido, esteve no Paraná para comemorar os 40 anos de irmandade entre Paraná e Hyogo. Na ocasião, e em reuniões distintas, tanto o presidente da câmara, Yoshiaki Oshiro, quanto eu, cobramos do governador uma maior integração comercial sugerindo que Hyogo, até em função do delicado momento em que vive a economia do Japão, promovesse o Paraná comercialmente na região. Já em fevereiro deste ano, recebi a ligação do governador Ido comunicando a vinda do grupo Sumitomo Rubber (originário de Kobe, cidade localizada em Hyogo) ao Paraná para prospecção e análise visando à possível instalação de uma fábrica na região. Após quase dois meses de negociação, eles nos confirmaram a vinda definitiva ao município de Fazenda Rio Grande. E plausível de menção o incansável trabalho do governador Beto Richa e de todas as secretarias envolvidas neste processo, pois sabiam da importância da empresa para o estado. A longo prazo serão gerados mais de 2 mil empregos diretos, beneficiando não só a região da grande Curitiba, mas fortalecendo economicamente todo o Paraná.

7. Para finalizar, o que podemos esperar do deputado federal Luiz Nishimori durante seu mandato?

Muito trabalho e dedicação de alguém que zela pelas famílias do Paraná. Como expus há pouco, agricultura, indústria, comércio, e relações exteriores, serão os meus carros-chefe lá em Brasília. Ressalto ainda que quando me refiro a relações exteriores, não me refiro somente à manutenção das relações diplomáticas com o Japão, mas também com outros países como China, Estados Unidos, Coreia, etc... Um exemplo disso é o projeto de mecanização das savanas africanas executado pelo Japão em Moçambique e que conta com o suporte técnico do Brasil. Recentemente o ex-primeiro ministro do Japão, Taro Aso, entrou em contato comigo solicitando apoio de técnicos brasileiros na execução deste, uma vez que o Brasil possui vasta experiência na mecanização de áreas tomadas por florestas fechadas além do cenário em questão ser extremamente semelhante com o nosso cerrado. Visto o tamanho deste projeto (avaliado em cerca de U$70 bilhões) a Câmara Federal já autorizou a criação de um escritório da Embrapa no país, prestando toda a assistência necessária ao Japão e a Moçambique. Portanto, como se vê, este foi apenas um exemplo de um Brasil que possui grandes projetos para honrar e grandes metas para cumprir. Enquanto deputado federal pretendo estar em constante sintonia com políticas públicas que visem não só o desenvolvimento do Paraná e do Brasil, mas principalmente, da nossa gente.