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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Workshop sobre biocarvão reúne especialistas do Brasil e Japão em Curitiba


A equipe do Embrapa e das universidades japonesas durante o primeiro dia de evento. 
Destaque para a participação do Cônsul Geral do Japão para a região Sul, Yoshio Uchiyama

Realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) na manhã da última segunda-feira, 22, o 3° Workshop Embrapa-Japão sobre Biochar reuniu especialistas e doutores de três universidades do Japão (Hokkaido, Kyushu e Tohoku) além de profissionais da Embrapa e universidades brasileiras para a apresentação de resultados e projetos em torno do uso apropriado do biocarvão no solo.

O evento, promovido pela Embrapa, CNPQ, Agência de Ciências e Tecnologia do Japão (JST), com apoio da FIEP e Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná, terá cerca de uma semana de duração, sendo dividido em palestras e visitas técnicas pela região, onde os participantes terão a oportunidade de acompanhar in loco a execução de projetos ligados ao tema.

As duas primeiras edições do workshop foram realizadas no Rio de Janeiro e Fukuoka. “Quando recebemos a comunicação do Embrapa de que o evento seria realizado em Curitiba, de imediato decidimos apoiar a iniciativa, sobretudo devido à singular importância do tema. Sabemos que o Japão possui vasto know-how no setor e consideramos este intercâmbio de conhecimento e experiência essenciais para o desenvolvimento de programas conjuntos no país” colocou Yoshiaki Oshiro, presidente da CCIBJ do Paraná.

Almoço de confraternização 

Nesta quarta-feira, 24, a CCIBJ do Paraná concedeu um almoço de confraternização aos participantes do Japão e equipe da Embrapa, que além do Paraná contou com profissionais do Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

O almoço na chácara Aizen contou ainda com a participação do secretário da 
Indústria e Comércio de Colombo, Ricardo Milgioransa

Realizado na Chácara Aizen, em Colombo, o encontro serviu também para delinear diretrizes e discutir projetos paralelos, como o da cadeia produtiva do bambu no Paraná.

Sobre Biochar

O biocarvão é obtido a partir da transformação da biomassa (madeiras,plantas,resíduos florestais) em carvão pelo processo de combustão conhecido como pirólise-caracterizado pelo aquecimento na presença de pouco ou nenhum oxigênio. O uso do biocarvão no solo mostra entre suas principais vantagens um alto poder de estocar carbono atmosférico em uma forma estável, que garante que ele permaneça no solo por várias centenas de anos. A informação foi dada à Agência Brasil pela pesquisadora da Embrapa Florestas, Claudia Maia. 

“Ele é muito estável, se degrada muito lentamente e, com isso, você vem enriquecendo o estoque de carbono. E você está ajudando a minimizar os efeitos do aquecimento global. Esse é o primeiro apelo do biocarvão”, disse.  

Ainda segundo a pesquisadora, as propriedades químicas e físicas do biocarvão favorecem na utilização dos fertilizantes. “A utilização do biocarvão ajuda a reter os nutrientes na sua própria matriz e você pode usar quantidades menores de fertilizantes”. Além de economizar fertilizantes, as respostas dos experimentos efetuados com o biocarvão indicam que há um aumento também na produtividade do solo. “Porque o efeito é não só na retenção de nutrientes, mas também de água. E com maior água disponível para as plantas, elas apresentam maior produtividade no final de um ciclo de produção”, afirmou Claudia Maia. 


Para a pesquisadora o biocarvão não tem qualquer relação com as queimadas. Segundo ela, a estratégia do Brasil e da maioria dos países que adotam a tecnologia do biocarvão está ligada a sistemas de produção de energia. “Nós estamos falando em carbonizar resíduos de sistemas para produção de agroenergia, seja bagaço de cana, restos de serraria, restos de fábrica de papel e celulose, resíduos da indústria de bioóleo. Enfim, biomassa residual que, normalmente, não é aproveitada nos sistemas de produção. Queimar floresta nativa é falta de senso. Ninguém sério está pensando numa possibilidade dessa”, disse. 

Claudia Maia destacou que o Brasil tem grande potencial de florestas plantadas de pinus e eucalipto, porque apenas 5% da produção florestal nacional vêm de florestas plantadas. Na China, são quase 30%. “Nós temos um potencial de expansão muito grande”. A meta é ocupar áreas de pastagens degradadas no Cerrado e, até na Amazônia, com florestas plantadas. A estratégia da pesquisa sobre biocarvão visa a recuperação dessas áreas. “A ideia é restaurar o solo já degradado para restabelecer o potencial de fertilidade e produtividade”. 

Os cientistas estão debatendo na conferência as melhores formas de carbonizar a biomassa para uso no solo, as características químicas desse processo e os cuidados que devem ser tomados do ponto de vista ambiental. 

Trecho sobre Biochar: Agência Brasil