Translation Support

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Japão reina no setor de peças para smartphones


O domínio do Japão no setor de eletrônicos de consumo pode até ter diminuído, mas o de tecnologia ainda tem um bastião: as empresas que fabricam componentes de smartphones para a Apple Inc., AAPL -0.72% Samsung Electronics Co. 005930.SE +1.11% e outras multinacionais.

Enquanto fabricantes japonesas de eletrônicos de consumo como a Sony Corp. 6758.TO +3.89% e a Panasonic Corp. 6752.TO -0.30% perdem mercado para concorrentes de outros países, fabricantes de componentes como a Murata Manufacturing Co. 6981.OK +1.33% e a TDK Corp. 6762.TO -0.78% tornam-se cada vez mais importantes para clientes internacionais. Nenhuma delas revela o nome de seus clientes.

A Murata e a TDK, que fazem peças usadas em praticamente todos os dispositivos eletrônicos, tiveram lucro nos primeiros nove meses do ano fiscal que se encerrará em março, ajudadas por uma forte demanda por componentes de smartphones. No mesmo período, tanto a Sony quanto a Panasonic ficaram no vermelho.

Essas fabricantes de componentes correm um certo risco ao depender dos smartphones, pois o boom dos aparelhos pode perder fôlego. E ambas as empresas registraram vendas fracas de componentes para computadores pessoais, o que no mês passado levou a TDK a reduzir sua previsão de lucro para o atual ano fiscal.

Ainda assim, o setor de componentes do Japão, liderado pela Murata e a TDK, se manteve competitivo ao responder rapidamente às mudanças e fornecer peças para produtos populares. As duas empresas também foram além do mercado de smartphones e entraram no de equipamentos médicos, carros híbridos e outros para se proteger de uma queda na demanda por suas peças tradicionais.

A Murata, cuja sede fica em Kyoto, é a maior fabricante do mundo de módulos de comunicação sem fio e capacitores de cerâmica, enquanto a TDK, de Tóquio, é a maior fornecedora de indutores. Capacitores e indutores são usados em circuitos elétricos. A Murata tem entre 35% e 40% do mercado mundial de capacitores de cerâmica, seguida pela sul-coreana Samsung Electro-Mechanics Co., 009150.SE +1.60% que tem de 20% a 25%, segundo estimativas de Masahiro Wakasugi, analista da firma financeira americana Jefferies.

A Murata e a TDK vêm conseguindo se manter na liderança do mercado em parte por conservar suas áreas de pesquisa, desenvolvimento e produção dentro da empresa, tornando difícil para as concorrentes imitá-las. As duas também projetam e fazem os equipamentos de manufatura usados nas suas respectivas fábricas.

"As concorrentes hoje conseguem igualar nossos novos produtos mais rápido do que no passado, então precisamos estar sempre um ou dois passos à frente", diz o vice-presidente da Murata, Hiroshi Iwatsubo.

Os avançados smartphones de hoje usam mais de 600 capacitores de cerâmica em cada aparelho — cerca do triplo do que os celulares convencionais — e cada capacitor tem que ser o menor possível para deixar mais espaço para a bateria. Os engenheiros da Murata monitoram cada etapa do processo de produção, da fórmula para misturar o pó de cerâmica com outros ingredientes aos métodos de sobrepor as finíssimas camadas de cerâmica e de aquecê-las num forno.

A Murata detém em torno de 70% do mercado do menor capacitor de cerâmica, do tipo usado no iPhone 5, segundo uma projeção do analista Masaru Koshita, da Barclays Capital.

Nas décadas de 80 e 90, quando as marcas japonesas de eletrônicos dominavam o mercado mundial, a maioria dos clientes da Murata eram domésticos, segundo a empresa. Hoje, as firmas japonesas representam pouco mais de 20% da sua clientela.

O vice-presidente sênior da TDK, Seiji Osaka, diz que trabalhar com clientes estrangeiros requer maior velocidade no projeto, produção e entrega, assim como mais flexibilidade para reagir a mudanças na demanda.

A empresa, que começou fabricando o material magnético usado em indutores, sempre foi uma fornecedora de componentes. Embora a marca TDK seja mais conhecida por suas fitas cassetes e, mais recentemente, fones de ouvido e autofalantes, esses produtos de consumo são vendidos pela Imation Corp., IMN -0.58% dos Estados Unidos, que adquiriu os direitos de uso da marca em 2007.

Embora o mercado global de smartphones e tablets continue se expandindo, a Murata e a TDK estão tentando crescer em outras áreas.

"Quando os telefones se tornaram portáteis, mais de 20 anos atrás, eles não eram para consumidores. Eram considerados dispositivos industriais", diz Iwatsubo, da Murata. De modo semelhante, os dispositivos médicos hoje vistos somente em hospitais podem se tornar no futuro aparelhos pessoais, criando um enorme mercado para componentes, diz ele. Em julho, a Murata comprou a firma americana RF Monolithics Inc., sediada em Dallas, que fornece tecnologia sem fio para dispositivos médicos.

A TDK, como parte de sua estratégia de longo prazo, está se concentrando em componentes usados em carros elétricos e híbridos, assim como em sistemas de distribuição de energia para edifícios e cidades. A Murata também está tentando montar seu negócio de autopeças.

Os carros hoje são como computadores, e a quantidade de componentes eletrônicos usada no interior dos veículos continua crescendo, diz Osaka. "Os smartphones são os produtos de evolução mais rápida no momento, mas cada era tem um produto assim."

Fonte: WSJ