Translation Support

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Com foco em BC japonês, dólar renova máximas desde 2010 ante o iene


O dólar bate novas máximas em mais de dois anos e meio ante o iene nesta segunda-feira, com a moeda japonesa sob intensa pressão de venda após notícias de que o premiê do Japão vai nomear um candidato considerado “dovish” (inclinado a estímulos monetários) para comandar o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) e, assim, continuar a cruzada do governo local contra a deflação e o iene valorizado.

A divisa americana também renova as máximas desde julho de 2010 em relação à libra esterlina, com o mercado ainda influenciado pela decisão da Moody’s, na sexta-feira, de retirar da Grã-Bretanha o status de “triple A”.

Na contramão, o euro consegue se recuperar e sobe ante o dólar, puxado por compras de oportunidade depois de ter batido a mínima em seis semanas na sexta-feira.

A valorização da moeda comum europeia, contudo, vai enfrentar uma prova de fogo ao longo do dia, conforme investidores aguardam o término das eleições gerais na Itália, que têm Silvio Berlusconi como um dos candidatos ao cargo de premiê. As urnas serão fechadas às 17h (horário de Brasília), com as primeiras pesquisas de boca de urna sendo divulgadas logo em seguida. Os resultados oficiais serão conhecidos apenas na terça-feira.

Os agentes temem que, uma vez de volta ao poder, Berlusconi promova um retrocesso nas reformas implementadas até então pelo atual premiê Mario Monti, gerando mais instabilidade na terceira maior economia da zona do euro e potencialmente em todo o bloco monetário.

Nesta manhã, o euro subia 0,60%, a US$ 1,3268, aumentando a distância em relação à taxa de US$ 1,3147 batida na sexta-feira. A alta do euro ditava a queda de 0,31% do dólar ante uma cesta de divisas.

Enquanto isso, a libra esterlina caía 0,16%, a US$ 1,5150, depois de ser cotada a US$ 1,5074, menor nível desde 13 de julho de 2010 (US$ 1,4966). O mercado se ressente ainda do rebaixamento em um degrau do rating britânico pela Moody’s na sexta-feira, de “Aaa” para “Aa1”. A agência deu como argumento para o corte na nota de crédito a fraqueza na perspectiva para o crescimento do país e os desafios ao programa de consolidação fiscal do governo.

Outro destaque de baixa é o iene, que recua 0,36%, a 93,69 ienes por dólar, após cair a 94,50, mínima durante a sessão desde 5 de maio de 2010 (94,99 ienes).

O movimento da moeda japonesa é ditado principalmente por notícias de que o premiê do país, Shinzo Abe, vai indicar o atual presidente do Banco de Desenvolvimento da Ásia, Haruhiko Kuroda, como presidente do Banco do Japão. Kuroda é visto como relativamente “dovish” e a expectativa é que, chefiando o BC japonês, ele dê sequência aos esforços de Abe para tirar o país da deflação, algo que pode ocorrer com novas medidas para desvalorizar o iene.

O dólar, no entanto, perde para algumas das principais moedas de risco, depois de mostrar expressiva alta nos últimos dias. O peso mexicano, por exemplo, avançava 0,21%, a 12,6783 por dólar; enquanto a lira turca ganhava 0,27%, cotada a 1,7960 por dólar.

A exceção fica por conta do dólar australiano, que recuava 0,06%, a US$ 1,0314, pressionado por dados mostrando que o setor manufatureiro chinês desacelerou em fevereiro a uma mínima em quatro meses, segundo dados preliminares divulgados pelo HSBC hoje. A China é o principal destino das exportações australianas. Não à toa, números mais fracos no país asiático tendem a pressionar o “aussie”, como a divisa da Austrália é conhecida.

Fonte: Valor