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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Déficit comercial do Japão em 2012 é o pior desde 1985


O Japão registrou déficit em conta corrente de 264,1 bilhões de ienes em dezembro ante novembro, segundo resultado negativo mensal consecutivo, conforme informações do Ministério das Finanças divulgadas nesta sexta-feira.

A conta corrente é a medida mais abrangente do comércio entre o Japão e o resto do mundo e mostra que os grandes e tradicionais exportadores do país permaneceram em ritmo lento em dezembro, mesmo com os esforços do governo local em desvalorizar o iene.

O déficit comercial em 2012, porém, foi o pior desde 1985, quando a série histórica teve início.

Com importação de energia em alta e exportações em ritmo lento, os economistas alertam que o Japão poderá sofrer com déficits mensais em conta corrente frequentes nos próximos anos.

Isso siginifica que o Japão poderia depender mais de credores internacionais para financiar seu déficit, o que poderia exigir um prêmio de risco acima do exigido pelos investidores domésticos.

O dado desta sexta-feira mostrou, entretanto, um grande fluxo de investimento estrangeiro direto em papéis japoneses, vindo dos Estados Unidos, França, Alemanha e Hong Kong.

Economistas disseram que a existência de déficit em conta corrente não traria dificuldades fiscais ao Japão, caso o país consiga atrair investimentos estrangeiros diretos.

O desempenho de dezembro foi pior do que estimou uma pesquisa feita pela Dow Jones Newswires e a Nikkei, segundo a qual o déficit em conta corrente ficaria em 148,5 bilhões de ienes.

O mau resultado aumenta a pressão sobre o governo e o Banco do Japão (BoJ, o Banco Central japonês) para que tomem medidas que ajudem a revigorar a economia.

O mercado acionário japonês está em alta nas últimas semanas na expectativa de que a conjunção de iene fraco, gastos extras do governo e medidas de afrouxamento monetário do BoJ irá levar à retomada do crescimento.

Com a pressão do governo japonês sobre o BoJ por medidas de afrouxamento em larga escala, o iene já perdeu 14% de seu valor desde meados de novembro, favorecendo os exportadores.

Um problema adicional para o Japão foi o dado de lucro obtido pelas empresas japonesas no exterior, que costuma ser um fator positivo para a conta corrente e que apresentou resultado decepcionante, de 707,5 bilhões de ienes.

O economista-chefe da corretora RBS Securities, Junko Nishioka, disse que a entrada de receitas ficou abaixo do esperado, mas afirmou que os pagamentos de fim de ano podem ter influenciado no resultado.

Apesar dos dois déficits mensais em conta corrente seguidos, para o ano de 2012, o Japão registrou superávit em conta corrente de 4,7 trilhões de ienes. “Auxiliado pelo superávit de rendas, o Japão deve manter um superávit em conta corrente em bases anuais ainda que os resultados mensais sejam negativos de tempos em tempos”, disse Toshihiro Nagahama, economista-chefe do Instituto de Pesquisas Dai-Ichi

A conta corrente mede transações em bens, serviços, turismo e investimento. É calculado pela determinação da diferença entre a receita obtida pelo Japão vinda de fontes externas contra os pagamentos de obrigações no exterior, excluindo investimento líquido.

Fonte: Valor