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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Japão sob risco de uma terceira década perdida

Agências internacionais - O Japão corre o risco de atravessar uma terceira década perdida de fraco crescimento econômico, segundo avaliação da empresa de classificação de risco Moody's.

A empresa sugeriu que está perto de rebaixar a nota do país e criticou o fato de o Japão não ter conseguido cumprir um prazo que o próprio governo havia anunciado para apresentar um plano de longo prazo para lidar com sua elevada dívida - a maior entre a dos países desenvolvidos.

Durante boa parte das últimas duas décadas, o Japão patinou numa estagnação econômica e por fim acabou perdendo para a China o posto de segunda maior economia do mundo. O Japão está hoje em terceiro lugar e viu sua dívida disparar para cerca de US$ 10 trilhões enquanto tentou impulsionar o crescimento por meio de elevação dos gastos.

O terremoto, o tsunami e o acidente nuclear ocorridos em março devem aumentar mais a dívida à medida que o governo abre os cofres para os trabalhos de reconstrução. "Ainda que provavelmente o Japão venha a ter uma recuperação em formato de 'V' do terremoto de 11 de março, o crescimento econômico subsequente poderá se manter a passos lentos", aponta a Moody's. "Não é inconcebível que o país tenha uma terceira década perdida de crescimento", avalia a empresa.

O Japão está estagnado desde 1990, um quadro que colocou os bancos do país com elevado endividamento e a economia em deflação. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos dez anos até a crise financeira global em 2008 foi de aproximadamente 1,3% ao ano. Os EUA, a maior economia do mundo, cresceram 3%.

"A avaliação da Moody's é compreensível", disse Seiji Adachi, economista do Deutsche Securities. "A possibilidade de outra 'década perdida' no Japão está crescendo". Para ele, o aumento dos preços das contas de eletricidade, a elevação dos impostos sobre vendas e a possibilidade de um reajuste para cima do imposto de renda, tudo para ajudar a custear as obras de reconstrução, deixarão os japoneses com menos dinheiro disponível.

"A combinação dessas três cargas deve enfraquecer o crescimento econômico", acredita Adachi.

Ontem, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, voltou a falar de sua disposição de renunciar e disse que para isso é preciso o parlamento aprove um projeto que permite que o país aumente seu endividamento e outro que promove a fontes de energia renovável. A expectativa os textos sejam votados até agosto. Pequisa do jornal "Nikkei" divulgada no domingo mostrou que 60% dos eleitores querem a renúncia de Kan, criticado pela forma como seu governo administrou a crise pós-terremoto.

Fonte: Itamaraty