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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Japão dita recuperação no 2º semestre

A subestimada economia japonesa guarda respostas cruciais para o desempenho da economia mundial no segundo semestre. A reconstrução da ilha e sua volta à plena atividade podem servir de gatilho à retomada do crescimento nos Estados Unidos e em outras economias.

E a notícia positiva é que a retomada da atividade por lá acontece em ritmo acelerado.

Em recente relatório, os economistas do Morgan Stanley apontam que a saída do Japão da atual recessão será em forma de "V", com ajuda do aumento nos gastos públicos e demanda externa.

Ainda assim, algumas incertezas cercam o país asiático, como o próprio crescimento mundial e a questão da matriz energética em função da possibilidade de desligamento de usinas nucleares.

Retomada da atividade acontece em ritmo acelerado

Não existia dúvida de que o terremoto seguido de tsunami e desastre nuclear que varreu parte do território japonês no começo de março teria impacto sobre a atividade mundial. Mas parece que a importância do país foi subestimada.

Como um dos principais fornecedores de componentes para um sem fim de indústrias, a saída de cena de parte do Japão ainda mostra consequências em cadeias produtivas no mundo todo, Brasil inclusive. Parece que não se levou em conta que a falta de uma "parte" não permite a formação do "todo".

Esse choque exógeno, para usar um termo da academia, se uniu a outro evento fora da curva: as revoltas no Oriente Médio e Norte da África que serviram de catalisador para uma firme puxada de alta no preço do barril de petróleo.

Também naquele momento se fizeram estimativas sobre o impacto do combustível mais caro no consumo do americano. Havia ciência disso, inclusive contas tomando como base outros choques de petróleo.

Mas como a fatura desses eventos não chegou de forma imediata, ainda se veem análises com certo viés de surpresa com o atual momento de prostração da economia mundial.

E são exatamente o petróleo e o Japão que balizaram o discurso do Federal Reserve (Fed), banco central americano, e justificam, em parte, essa postura de "esperar para ver" adotada pela autoridade monetária americana.

No comunicado de sua última decisão, o Fed citou nominalmente o custo da energia e os trágicos eventos no Japão como alguns dos fatores que explicam o menor ritmo da atividade. Mas são dois eventos classificados como temporários.

Em entrevista, o presidente do Fed, Ben Bernanke, voltou ao tema e aprofundou sua avaliação sobre o cenário de crescimento ao responder por qual motivo o BC americano não toma novas medidas para estimular o crescimento.

Segundo Bernanke, ainda não se sabe quanto da desaceleração é temporária e quanto é permanente. "Isso sugere que precisamos de um pouco mais de tempo para enxergar o que vai acontecer. E isso terá utilidade na tomada de decisões de política monetária", disse.

A retomada no Japão parece em marcha e o petróleo oscila mais perto dos US$ 90 que dos US$ 110. Mas a espada sobre a cabeça do Fed e outros bancos centrais já é outra. A solvência de países periféricos da zona do euro.

Outro assunto de particular importância para o desempenho das economias e dos mercados no restante do ano é a votação sobre a ampliação do teto do endividamento federal dos Estados Unidos. O jeito é mesmo esperar para ver.

Olhando agora para a próxima semana, que marca o fim do primeiro semestre, os destaques da agenda local são o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho e a produção industrial de maio. Também saem a concessão de empréstimo, déficit em conta corrente e superávit primário.

Nos EUA são conhecidos a renda, o gasto e a confiança do consumidor e na Europa são divulgados indicadores de atividade e confiança no comércio e na indústria.

Fonte: Valor