Já na parte de baixo da tabela, as aliadas francesas Peugeot e Citroën andaram na contramão do crescimento de 6,1% do mercado e terminaram com queda de emplacamentos naquele que foi o melhor ano na história da indústria automotiva brasileira.
Apesar das marcas históricas de 2012 - quando as vendas chegaram a superar 405 mil carros em agosto -, nem todos conseguiram acompanhar o ritmo do consumo, o que resultou em algumas mudanças no ranking das marcas. No embalo da bem-sucedida investida no mercado de compactos com o modelo March, a Nissan foi a montadora que mais cresceu, com alta de 55,6% nos emplacamentos e 2,9% do mercado total. O desempenho fez a montadora subir três posições no ranking e alcançar o nono lugar da lista.
A Renault, por sua vez, se consolidou em 2012 como a quinta montadora do país, ampliando sua participação de mercado de 5,7% para 6,6%, após a expansão de 24,3% dos volumes. Na sequência, a Honda se recuperou do desempenho negativo de 2011, quando sua produção foi comprometida pelo tsunami que atingiu o Japão em março. A marca saiu da oitava para a sexta posição de um ano para outro, respondendo por 3,7% dos carros vendidos em 2012.
Com o sucesso de lançamentos e o posicionamento em linhas populares, essas marcas conseguiram tirar maior aproveitamento do aquecimento da demanda quando o governo decidiu, em maio, cortar as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Por trás dos números também existem acertos nas estratégias comerciais e de produção. A Renault, por exemplo, deixou apenas para a virada do ano a expansão de sua fábrica no Paraná, interrompendo a produção apenas depois de garantir o bom resultado.
Já o grupo PSA Peugeot Citroën entrou 2012 com obras de ampliação na fábrica de Porto Real (RJ), enfrentando atrasos de fornecedores de equipamentos. Como resultado, a produção no início do ano foi reduzida e as vendas da Peugeot cederam 16% em 2012, enquanto as da Citroên caíram 17,1%.
No pelotão de frente da indústria, a concentração das vendas nas quatro maiores montadoras do país subiu de 70% para 70,8%, mas a ordem das marcas seguiu a mesma: a Fiat se manteve na liderança, com 23,1% do total, seguida por Volkswagen (21,1%), General Motors (17,7%) e Ford (8,9%).
Os números finais de 2012 foram divulgados ontem pela Fenabrave, a entidade que abriga as concessionárias de veículos. O ano recorde fechou com 3,8 milhões de veículos licenciados, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume superou em 4,65% o desempenho de 2011.
Quando se considera apenas os carros de passeio e os utilitários leves, foram vendidas 3,63 milhões de unidades, uma alta de 6,1%. As projeções da Fenabrave para 2013 apontam para um crescimento de 3% nos emplacamentos de carros, na cola de uma expansão de igual magnitude estimada para a economia. Para os caminhões, espera-se alta de 16%.
Apesar disso, a entidade traçou um cenário desafiador para o mercado automotivo, no qual os bancos permanecerão cautelosos nas liberações de crédito devido aos índices elevados de inadimplência e alto comprometimento da renda dos consumidores.
Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, disse que a queda da inadimplência - antes aguardada para junho ou julho do ano passado - ainda não aconteceu. "Os bancos vão passar boa parte deste ano limpando suas carteiras para retirar resíduos que levam à inadimplência", afirmou o executivo em entrevista coletiva à imprensa.
Fonte: Valor