Akiyama, diretor comercial: marca mapeou cidades com potencial de receber novas concessionárias e tem como meta ampliar em 9% as vendas em 2013
Após ter em 2012 o melhor ano desde que começou a produzir carros no Brasil, a Honda entra numa nova fase de crescimento, com a expansão da rede de concessionárias para cidades menores e mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
As metas incluem abrir 40 lojas em dois anos e fechar 2013 com alta de 9% sobre o volume recorde emplacado em 2012, ou três vezes acima do aumento das vendas de carros de passeio e utilitários leves previsto para o mercado.
A montadora já mapeou as cidades com potencial para abrigar revendas da marca, levando em conta fatores como renda e densidade demográfica. Apesar de não detalhar aonde as próximas lojas serão instaladas, a direção da fabricante adianta que, após se consolidar nas grandes capitais, vai atacar as cidades comparativamente menores - porém, com, pelo menos, 100 mil habitantes.
"Ainda temos muito espaço para crescer", diz Roberto Akiyama, diretor comercial da Honda, cuja rede de distribuição soma quase 200 lojas, sendo a maioria delas na região Sudeste, onde está o maior mercado consumidor - responsável por metade dos carros vendidos no país.
Mesmo em um mercado que, nos últimos anos, se tornou foco de investimentos por um maior número de montadoras chinesas, coreanas e japonesas - como Nissan, Hyundai, Chery e JAC Motors -, a Honda encerrou 2012 como marca asiática mais bem posicionada no ranking de vendas no Brasil, no sexto lugar.
Contra o desempenho dos concorrentes, pesaram as restrições nas importações, caso da sobretaxa de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e cotas para trazer carros do México. Já a favor da Honda, os estímulos do governo, com cortes no IPI, ajudaram a reverter uma situação de queda nos emplacamentos.
Mas a montadora também fez sua parte ao renovar a linha de produtos um pouco antes do anúncio dos incentivos, o que lhe permitiu aproveitar o aquecimento da demanda com um portfólio revigorado.
Como resultado, a Honda comemorou em 2012 a marca de 1 milhão de carros em 15 anos de produção nacional e recorde tanto nas vendas como na produção na fábrica de Sumaré (SP). Os emplacamentos da marca cresceram 45,3%, para 135 mil carros, ou 3,7% do mercado - só a também japonesa Nissan, com aumento de 55,6%, conseguiu crescer mais no país.
Já a produção - de quase 136 mil veículos - subiu 65% sobre 2011, refletindo também o crescimento de 23% nas exportações para a América Latina, num total de 16 mil automóveis.
Os percentuais chamam a atenção, mas eles também se devem à base de comparação fraca, uma vez que os resultados de 2011 foram comprometidos pelo tsunami que atingiu o Japão em março daquele ano, com reflexos no fornecimento de peças para a filial brasileira. "Sabemos que 2011 foi um ano atípico para nós. O que estamos fazendo é retomar a normalidade", diz Akiyama.
A marca tem usado quase toda a capacidade no interior paulista - de 138 mil carros por ano - e ainda traz de sua fábrica na Argentina cerca de 30% dos carros do modelo City vendidos no Brasil. No ano passado, a Honda chegou a adotar três horas extras de trabalho para dar conta da demanda. "Voltaremos a fazer isso em 2013, programando também o funcionamento da fábrica em alguns sábados", afirma o diretor comercial.
Os planos de crescimento ainda passam por novidades nas linhas, com o início das vendas do sedã Civic de motor 2.0 em fevereiro e a chegada da versão bicombustível da CR-V, prevista para abril. Em julho, a Honda volta a vender o Accord, um sedã de porte médio, enquanto que, também no segundo semestre, será lançada uma versão esportiva do City.
Ao mesmo tempo, a montadora investe R$ 100 milhões para, até outubro, inaugurar um novo centro tecnológico em Sumaré, cujo objetivo será adaptar os carros ao gosto do consumidor brasileiro.
Fonte: Valor