O governo japonês divulgou nesta terça-feira sua decisão de manter a peça central de sua política monetária e informou que a queda em exportações e produção industrial deixou suas avaliações sobre a economia japonesa em geral mais conservadoras.
Em um comunicado divulgado após a reunião de política monetária, com dois dias de duração, o BoJ informou que exportações e produção industrial "foram recentemente mais ou menos estáveis", usando um tom mais fraco do que no mês passado, quando comunicou que os dois indicadores estavam “se levantando”.
O BoJ também reformulou sua principal descrição geral da economia, dizendo que "a economia do Japão continua a se recuperar moderadamente, embora as exportações e produção tenham sido afectadas pelo abrandamento nas economias emergentes”.
O movimento segue uma série de dados sombrios que apontam para enfraquecimento da economia do Japão após a retração de 1,2% no PIB do trimestre abril-junho, puxado para baixo pelas exportações, consumo e investimentos abaixo do desejável.
A visão menos otimista do banco central apresentada no comunicado deve alimentar expectativas de medidas adicionais de estímulo, possivelmente no próximo mês.
Na decisão apresentada nesta terça-feira, oito membros votaram a favor e um votou contra a manutenção da política de compra de títulos da dívida pública ao ritmo de 80 trilhões de ienes ao ano, como era esperado pelo mercado.
O programa é a peça-chave da política monetária do BoJ no sentido de estimular a economia por meio da injeção maciça de recursos. O patamar atual de compras de títulos foi determinado na reunião de 30 de outubro do ano passado.O objetivo dessa política, que já tem mais de dois anos, é debelar de vez o fantasma da deflação na economia japonesa e gerar uma inflação firme de 2% ao ano por volta de meados do ano que vem. Mas a inflação hoje no Japão está perto de zero.
Preocupação
A combinação de revisão das avaliações com a falta de novos estímulos leva alguns economistas a pensarem que o compromisso do BoJ com a meta de inflação de 2% está enfraquecendo.
"Se surgem dúvidas sobre o compromisso da política monetária do BoJ, há um risco de que o Japão perca a sua principal força motriz para debelar totalmente a deflação", diz Takuji Ainda, economista-chefe do Societe Generale no Japão.
"O governo e o BoJ devem estar plenamente conscientes da história. O Japão tem falhado consistentemente em erradicar completamente a deflação, por negligenciar a necessidade de um último empurrão da política monetária, embora os custos de medidas adicionais de flexibilização nem sejam tão grandes”, afirma Aida.
Para ele, o BoJ provavelmente fará corte drástico em sua previsão de inflação na revisão prevista para 30 de outubro e terá de adotar medidas adicionais de estímulo.
Fonte: Dow Jones Newswires