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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

JBIC financiará projetos de infraestrutura em reais


O Banco do Japão para a Cooperação Internacional (JBIC, na sigla em inglês) poderá financiar projetos de infraestrutura no Brasil em reais. O desenvolvimento desse mecanismo de financiamento tornou-se possível a partir da assinatura, em 2011, de um memorando de entendimento acertado entre o JBIC e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O documento prevê a concessão de créditos de até US$ 3 bilhões em moeda local para projetos de infraestrutura.

A nova linha será discutida por representantes do JBIC e do BNDES em seminário sobre a economia brasileira, em Tóquio, na segunda-feira. O evento foi organizado por ocasião dos 50 anos da cooperação entre as duas instituições de fomento e são esperados cerca 400 executivos, incluindo empresários da comunidade nipo-brasileira. O relacionamento entre as duas instituições começou em 1962, quando foi assinado o primeiro contrato de empréstimo com o The Export-Import Bank of Japan (Jexim), antecessor do JBIC. Foi um financiamento para a Usiminas.

Sérgio Foldes, superintendente da área internacional do BNDES, disse que há condições de estruturar operações de financiamento em moeda local com o JBIC para projetos de infraestrutura. Uma das ideias é financiar infraestrutura associada a projetos industriais. A forma como a operação de financiamento será estruturada não está definida. Uma possibilidade é que o JBIC assuma o risco cambial da operação. Neste caso, o JBIC captaria em dólares e repassaria para o BNDES emprestar em reais. Mas o JBIC também poderia obter um custo de captação suficientemente baixo em dólares para que o BNDES consiga, após fazer o seu "hedge" (proteção contra variação cambial), repassar o dinheiro ao cliente, em reais, a um custo competitivo.

A premissa, segundo Foldes, é que o dinheiro chegue em reais ao tomador final. Ainda não há projetos selecionados para serem financiados em reais, mas a ideia é identificar empreendimentos que envolvam empresas japonesas em "joint ventures" ou outras formas de associação. Foldes disse que também está em análise uma outra vertente de cooperação entre BNDES e JBIC, segundo a qual poderão ser financiadas operações de interesse mútuo em terceiros países.

Um memorando de entendimento assinado entre as duas instituições este ano previu que o trabalho poderá se desenvolver na África, América Latina e Caribe. Está em análise a possibilidades de cooperação em joint ventures Brasil-Japão em outros países. Foldes afirmou que o BNDES representa a maior exposição de crédito do JBIC. Atualmente há seis operações ativas de empréstimo do JBIC com o BNDES que totalizam US$ 1,95 bilhão. Procurada, a representação do JBIC no Rio de Janeiro disse não ter porta-voz disponível para falar.

Desde 1962, quando começou a parceria entre as duas instituições, foram assinados 14 contratos. O último foi uma captação de US$ 300 milhões da linha Green, assinado em março de 2011 com o objetivo de apoiar projetos que favoreçam a preservação ambiental e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Até hoje, porém, não houve operações do JBIC em reais. Foldes disse que há esforços para incentivar um novo ciclo de investimentos japoneses no Brasil, desta vez em projetos de infraestrutura. E acrescentou que o Japão tem excedentes de capital que podem ser aplicados no exterior.

Segundo Foldes, a cooperação JBIC-BNDES adaptou-se às transformações da economia brasileira ao longo das décadas. Entre o fim dos anos de 1990 e a primeira década de 2000, as operações voltaram mais ao apoio de pequenas e médias empresas.

Fonte: Valor