O governo japonês pode declarar algumas áreas próximas à usina nuclear de Fukushima inabitáveis por mais de dez anos, por causa de níveis de radiação 500 vezes acima do limite recomendado.
"Estou ciente da possibilidade de haver áreas em que os moradores não poderão retornar às suas casas por muito tempo", disse o secretário-chefe de Gabinete, Yukio Edano, a jornalistas em Tóquio.
Técnicos mediram uma radiação de 508,1 milisiervert por ano na cidade de Okuma, a 3 km da central danificada após o forte terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março. O nível mundialmente recomendado é de 1 milisiervert por ano. Há uma crescente impressão dentro do governo de que levará mais de uma década para que moradores de Okuma e de Futaba, também a 3 km da usina, possam retornar a suas casas.
A população nessa região era de 1.131 pessoas antes dos desastres. Testes preliminares e relatórios indicaram altos niveis de radiação em amostras do solo em áreas além da zona de exclusão de 20 km ao redor de Fukushima.
Em 24 de maio, algumas amostras registraram mais de 1,48 milhão de becquerels por metro quadrado, padrão usado para a retirada de moradores após o acidente na usina nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. A informação consta de um relatório entregue ao governo por Tomio Kawata, da Organização para o Gerenciamento do Lixo Nuclear do Japão.
O tsunami que se seguiu ao tremor de 9 graus em março afetou o funcionamento da usina, de modo que três de seus seis reatores derreteram, o que provocou os vazamentos radioativos.
Moradores que não receberem autorização para voltar às suas casas poderão receber compensações financeiras, segundo a mídia local. O primeiro-ministro Naoto Kan deve explicar o plano para autoridades locais quando visitar a Província de Fukushima no final desta semana.
Fonte: Valor