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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O homem por trás da Câmara



Por Denise Somera

O que faz um homem se não caminhar de forma que seu nome seja gravado na história? Sendo empresário, político, fundador de entidades, empreendedor e visionário, Antonio Ueno deu, na trajetória dos seus 86 anos, passos de gigante. Foi o primeiro político nikkei do Paraná, fundador da Liga Desportiva Paranaense (hoje, Aliança/Liga, que existe em 80 municípios do Paraná), dono de jornal por mais de 40 anos e acima de tudo, empresário, com visão do futuro diante das possibilidades existentes.

“Deus deu para cada um uma vocação e para sobreviver no meio político tem que ter habilidade de motivar as pessoas e conseguir seu voto, além do espírito de querer servir à comunidade em que você pertence”, explica Ueno. Seu trabalho de luta e insistência projetou o Paraná e a comunidade nikkei ao que é hoje, abrindo portas, fazendo amizades, estabelecendo parcerias e assinando contratos.

Nas 37 missões econômicas ao Japão, organizadas por ele, estabeleceu laços, conheceu importantes empresários e, um dos fatores mais importantes para o japonês, conheceu cara a cara quem pensava em prospectar negócios no Brasil. “No Japão os negócios demoram para serem concluídos, pois os japoneses são bastante desconfiados, querem conhecer seus parceiros pessoalmente e esta convivência, este conhecimento, foi importante ter adquirido ao longo dos anos”, relembra.

O trabalho de intermediar negociações acabou acontecendo naturalmente, já que nas missões econômicas os empresários brasileiros iam atrás de empresas japonesas que podiam prospectar futuros negócios. Neste sentido, o trabalho da Câmara era fundamental. “Além de conhecer os protocolos japoneses, tínhamos o domínio da língua e bons contatos no Japão, que acabaram ajudando muitas empresas brasileiras lá”, recorda Antonio Ueno.

A intenção de fazer o Paraná crescer economicamente motivou Ueno a prospectar negócios com Hyogo e outras regiões do Japão. “Tudo na época era São Paulo, os japoneses vinham conhecer o Brasil, paravam em São Paulo e ficavam por lá. E eu cresci conhecendo todos os nikkeis paulistas, já que através de associações nikkeis nós competíamos em diversas modalidades”, conta. Foi por meio de muito trabalho e luta insistente que a “voz paranaense” passou a ser ouvida. “Pedimos que o consulado do Japão tivesse um escritório no Paraná e foi instalado um ‘escritório de São Paulo no Paraná’. De tanto chamarmos atenção, muitas empresas se voltaram para o estado”.

Com o trabalho de anos, a Câmara tornou-se referência no Brasil em termos de atuação junto ao Japão. Foram feitos inúmeros projetos liderados pela entidade, com apoio do governo brasileiro e japonês. “Conseguíamos aprovação de projetos usando recursos de fundo perdido, trazíamos o conhecimento e know-how do Japão, aliamos aos talentos que temos no Brasil e muita coisa foi feita ao longo destes 30 anos”, diz Ueno.