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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Japão reina no setor de peças para smartphones


O domínio do Japão no setor de eletrônicos de consumo pode até ter diminuído, mas o de tecnologia ainda tem um bastião: as empresas que fabricam componentes de smartphones para a Apple Inc., AAPL -0.72% Samsung Electronics Co. 005930.SE +1.11% e outras multinacionais.

Enquanto fabricantes japonesas de eletrônicos de consumo como a Sony Corp. 6758.TO +3.89% e a Panasonic Corp. 6752.TO -0.30% perdem mercado para concorrentes de outros países, fabricantes de componentes como a Murata Manufacturing Co. 6981.OK +1.33% e a TDK Corp. 6762.TO -0.78% tornam-se cada vez mais importantes para clientes internacionais. Nenhuma delas revela o nome de seus clientes.

A Murata e a TDK, que fazem peças usadas em praticamente todos os dispositivos eletrônicos, tiveram lucro nos primeiros nove meses do ano fiscal que se encerrará em março, ajudadas por uma forte demanda por componentes de smartphones. No mesmo período, tanto a Sony quanto a Panasonic ficaram no vermelho.

Essas fabricantes de componentes correm um certo risco ao depender dos smartphones, pois o boom dos aparelhos pode perder fôlego. E ambas as empresas registraram vendas fracas de componentes para computadores pessoais, o que no mês passado levou a TDK a reduzir sua previsão de lucro para o atual ano fiscal.

Ainda assim, o setor de componentes do Japão, liderado pela Murata e a TDK, se manteve competitivo ao responder rapidamente às mudanças e fornecer peças para produtos populares. As duas empresas também foram além do mercado de smartphones e entraram no de equipamentos médicos, carros híbridos e outros para se proteger de uma queda na demanda por suas peças tradicionais.

A Murata, cuja sede fica em Kyoto, é a maior fabricante do mundo de módulos de comunicação sem fio e capacitores de cerâmica, enquanto a TDK, de Tóquio, é a maior fornecedora de indutores. Capacitores e indutores são usados em circuitos elétricos. A Murata tem entre 35% e 40% do mercado mundial de capacitores de cerâmica, seguida pela sul-coreana Samsung Electro-Mechanics Co., 009150.SE +1.60% que tem de 20% a 25%, segundo estimativas de Masahiro Wakasugi, analista da firma financeira americana Jefferies.

A Murata e a TDK vêm conseguindo se manter na liderança do mercado em parte por conservar suas áreas de pesquisa, desenvolvimento e produção dentro da empresa, tornando difícil para as concorrentes imitá-las. As duas também projetam e fazem os equipamentos de manufatura usados nas suas respectivas fábricas.

"As concorrentes hoje conseguem igualar nossos novos produtos mais rápido do que no passado, então precisamos estar sempre um ou dois passos à frente", diz o vice-presidente da Murata, Hiroshi Iwatsubo.

Os avançados smartphones de hoje usam mais de 600 capacitores de cerâmica em cada aparelho — cerca do triplo do que os celulares convencionais — e cada capacitor tem que ser o menor possível para deixar mais espaço para a bateria. Os engenheiros da Murata monitoram cada etapa do processo de produção, da fórmula para misturar o pó de cerâmica com outros ingredientes aos métodos de sobrepor as finíssimas camadas de cerâmica e de aquecê-las num forno.

A Murata detém em torno de 70% do mercado do menor capacitor de cerâmica, do tipo usado no iPhone 5, segundo uma projeção do analista Masaru Koshita, da Barclays Capital.

Nas décadas de 80 e 90, quando as marcas japonesas de eletrônicos dominavam o mercado mundial, a maioria dos clientes da Murata eram domésticos, segundo a empresa. Hoje, as firmas japonesas representam pouco mais de 20% da sua clientela.

O vice-presidente sênior da TDK, Seiji Osaka, diz que trabalhar com clientes estrangeiros requer maior velocidade no projeto, produção e entrega, assim como mais flexibilidade para reagir a mudanças na demanda.

A empresa, que começou fabricando o material magnético usado em indutores, sempre foi uma fornecedora de componentes. Embora a marca TDK seja mais conhecida por suas fitas cassetes e, mais recentemente, fones de ouvido e autofalantes, esses produtos de consumo são vendidos pela Imation Corp., IMN -0.58% dos Estados Unidos, que adquiriu os direitos de uso da marca em 2007.

Embora o mercado global de smartphones e tablets continue se expandindo, a Murata e a TDK estão tentando crescer em outras áreas.

"Quando os telefones se tornaram portáteis, mais de 20 anos atrás, eles não eram para consumidores. Eram considerados dispositivos industriais", diz Iwatsubo, da Murata. De modo semelhante, os dispositivos médicos hoje vistos somente em hospitais podem se tornar no futuro aparelhos pessoais, criando um enorme mercado para componentes, diz ele. Em julho, a Murata comprou a firma americana RF Monolithics Inc., sediada em Dallas, que fornece tecnologia sem fio para dispositivos médicos.

A TDK, como parte de sua estratégia de longo prazo, está se concentrando em componentes usados em carros elétricos e híbridos, assim como em sistemas de distribuição de energia para edifícios e cidades. A Murata também está tentando montar seu negócio de autopeças.

Os carros hoje são como computadores, e a quantidade de componentes eletrônicos usada no interior dos veículos continua crescendo, diz Osaka. "Os smartphones são os produtos de evolução mais rápida no momento, mas cada era tem um produto assim."

Fonte: WSJ

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Premiê japonês envia a Parlamento o nome de Kuroda para Banco Central


TÓQUIO - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, encaminhou nesta quinta-feira ao Parlamento a indicação do atual presidente do Banco de Desenvolvimento Asiático, Haruhiko Kuroda, para a presidência do Banco do Japão (BoJ), conforme antecipado pela imprensa.

O gabinete japonês também indicou o acadêmico Kikuo Iwata  – um ácido crítico de políticas adotadas no passado pelo Banco do Japão  –  e de Hiroshi Nakaso, funcionário do BoJ responsável pela área internacional, para as duas vice-presidências do BC japonês. A expectativa é a de que as nomeações possam ser votadas pelo Parlamento  dentro de duas semanas.

Fonte: Valor

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Câmara realiza evento em suporte a missão empresarial do Japão

Mauro Corbellini, Coordenador da SEIM, apresenta o programa "Paraná Competitivo" 
a um grupo de 50 convidados, incluindo representantes do capital privado japonês

Na tarde desta terça-feira, 26, a Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná recebeu em sua sede a primeira missão empresarial coordenada pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) ao Paraná.

O objetivo, segundo Hiroko Tainaka, coordenadora da JICA, é conhecer o estado, prospectando possíveis parceiros e ambientes de negócios favoráveis ao fortalecimento das relações bilaterais Paraná-Japão.

Composta por pequenas e médias empresas de perfis variados (desde produtores de softwares a fabricantes de máquinas de transformação de alimentos), a comitiva japonesa foi recebida por cerca de 35 empresários locais (incluindo Santa Catarina e demais regiões do estado), representantes do governo do Paraná (Emater, Tecpar e SEIM) e prefeituras (Maringá, Londrina e Curitiba), interessados em trocarem experiências e participarem do business matching proposto pela Câmara. 

 Jorge Yamawaki (Coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba), Hiroshige Shimbo (presidente da Denso do Brasil) e Atsushi Yoshii (presidente da A. Yoshii Engenharia), discutem o portfólio de produtos da Kakubun Inc. com o presidente da empresa Bunzaburo Suzuki (a esquerda) durante a rodada de negócios promovida pela Câmara

Além da rodada de negócios, os empresários japoneses também puderam familiarizar-se com as potencialidades econômicas do estado e seus incentivos fiscais por meio do programa “Paraná Competitivo” apresentado pelo coordenador da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM), Mauro Corbellini, que reforçou a capacidade do estado em atrair novos empreendimentos. “Somente nos últimos dois anos o Paraná atraiu mais de R$20 bilhões em investimentos, o que evidencia, na prática, os esforços do atual governo em transformar o estado num pólo industrial forte e competitivo. Vale lembrar que neste período - e não por acaso - duas empresas japonesas aportaram investimentos na região: Sumitomo Rubber (fabricante de pneus) e Hamaya Corporation (reciclagem de lixo eletrônico). Ou seja: o Paraná está pronto para o Japão".

Também convidado a palestrar, o presidente da Câmara, Yoshiaki Oshiro, reforçou o papel da entidade enquanto meio de ligação com o Japão, relevando a importância do estabelecimento de parceriais com key players como a JICA. "É muito importante relembrá-los que das 19 empresas japonesas instaladas em nosso estado, cerca de 80% contaram com atração e mediação da Câmara. E este nosso papel de fomento vem tornando-se cada vez mais amplo, funcional e objetivo, pois passamos a contar com o apoio da JICA, que por sua vez é coligada aos ministérios da Economia, Indústria e Comércio (METI) e Relações Exteriores do Japão (MOFA). Assim, continuaremos sendo a porta de entrada de novos investimentos japoneses na região (...) agora com muito mais força e credibilidade" concluiu.

Ao fim dos trabalhos, os convidados puderam participar de uma degustação de vinhos, ação gentilmente patrocinada pela Cooperativa Sanjo (empresa associada)

Segundo o diretor da JICA, Manabu Ohara, apesar da agência ter projetos em execução no Paraná, esta é a primeira missão empresarial organizada pela mesma. “No passado, este tipo de missão era coordenada exclusivamente pela Japan External Trade Organization (JETRO). Contudo, recentemente o governo japonês deliberou novas diretrizes, ampliando este atendimento a demais organizações e agências correlacionadas” relatou. 

Ohara ainda enalteceu o apoio da Câmara à missão, certo de que novas parcerias deverão ser projetadas para o futuro. “Agradecemos imensamente o suporte concedido pela entidade junto a JICA e às empresas japonesas que compõem esta missão. Este evento, sem dúvida, é um reflexo deste trabalho de integração comercial, na qual iremos continuar fomentando por meio de ações e parcerias como esta” finalizou.

A missão permanecerá no Paraná até amanhã, quando partirá para São Paulo e em seguida, visitará o Paraguai.

AGRADECIMENTOS

A CCIBJ do Paraná agradece imensamente a todos os envolvidos na coordenação e participação deste evento, em especial: JICA; SEIM; Consulado Geral do Japão em Curitiba; CCM do Brasil; A. Yoshii Engenharia; Noma S.A; Consystem Consultoria Empresarial; Denso do Brasil; Nippon Express do Brasil; Furukawa; Kenji Química; CM Engenharia Elétrica; Daiken; Banco do Brasil; Ishitani Advogados Associados; Tedeschi e Padilha Advogados Associados; Caban Telecom; Emater; Tecpar; Instituto Braspar; Grupo Philus; Elco Engenharia Elétrica; Viaplan Engenharia; Secretaria de Saneamento de Maringá; Prefeitura de Curitiba; Deputado Estadual Teruo Kato; Deputado Federal Luiz Nishimori; e Cooperativa Sanjo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Com foco em BC japonês, dólar renova máximas desde 2010 ante o iene


O dólar bate novas máximas em mais de dois anos e meio ante o iene nesta segunda-feira, com a moeda japonesa sob intensa pressão de venda após notícias de que o premiê do Japão vai nomear um candidato considerado “dovish” (inclinado a estímulos monetários) para comandar o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) e, assim, continuar a cruzada do governo local contra a deflação e o iene valorizado.

A divisa americana também renova as máximas desde julho de 2010 em relação à libra esterlina, com o mercado ainda influenciado pela decisão da Moody’s, na sexta-feira, de retirar da Grã-Bretanha o status de “triple A”.

Na contramão, o euro consegue se recuperar e sobe ante o dólar, puxado por compras de oportunidade depois de ter batido a mínima em seis semanas na sexta-feira.

A valorização da moeda comum europeia, contudo, vai enfrentar uma prova de fogo ao longo do dia, conforme investidores aguardam o término das eleições gerais na Itália, que têm Silvio Berlusconi como um dos candidatos ao cargo de premiê. As urnas serão fechadas às 17h (horário de Brasília), com as primeiras pesquisas de boca de urna sendo divulgadas logo em seguida. Os resultados oficiais serão conhecidos apenas na terça-feira.

Os agentes temem que, uma vez de volta ao poder, Berlusconi promova um retrocesso nas reformas implementadas até então pelo atual premiê Mario Monti, gerando mais instabilidade na terceira maior economia da zona do euro e potencialmente em todo o bloco monetário.

Nesta manhã, o euro subia 0,60%, a US$ 1,3268, aumentando a distância em relação à taxa de US$ 1,3147 batida na sexta-feira. A alta do euro ditava a queda de 0,31% do dólar ante uma cesta de divisas.

Enquanto isso, a libra esterlina caía 0,16%, a US$ 1,5150, depois de ser cotada a US$ 1,5074, menor nível desde 13 de julho de 2010 (US$ 1,4966). O mercado se ressente ainda do rebaixamento em um degrau do rating britânico pela Moody’s na sexta-feira, de “Aaa” para “Aa1”. A agência deu como argumento para o corte na nota de crédito a fraqueza na perspectiva para o crescimento do país e os desafios ao programa de consolidação fiscal do governo.

Outro destaque de baixa é o iene, que recua 0,36%, a 93,69 ienes por dólar, após cair a 94,50, mínima durante a sessão desde 5 de maio de 2010 (94,99 ienes).

O movimento da moeda japonesa é ditado principalmente por notícias de que o premiê do país, Shinzo Abe, vai indicar o atual presidente do Banco de Desenvolvimento da Ásia, Haruhiko Kuroda, como presidente do Banco do Japão. Kuroda é visto como relativamente “dovish” e a expectativa é que, chefiando o BC japonês, ele dê sequência aos esforços de Abe para tirar o país da deflação, algo que pode ocorrer com novas medidas para desvalorizar o iene.

O dólar, no entanto, perde para algumas das principais moedas de risco, depois de mostrar expressiva alta nos últimos dias. O peso mexicano, por exemplo, avançava 0,21%, a 12,6783 por dólar; enquanto a lira turca ganhava 0,27%, cotada a 1,7960 por dólar.

A exceção fica por conta do dólar australiano, que recuava 0,06%, a US$ 1,0314, pressionado por dados mostrando que o setor manufatureiro chinês desacelerou em fevereiro a uma mínima em quatro meses, segundo dados preliminares divulgados pelo HSBC hoje. A China é o principal destino das exportações australianas. Não à toa, números mais fracos no país asiático tendem a pressionar o “aussie”, como a divisa da Austrália é conhecida.

Fonte: Valor

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Japão pode relaxar política econômica para crescer


Nos últimos anos, sempre que o presidente do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, se reunia com outros líderes de bancos centrais do mundo todo, muitas vezes fazia advertências, metodicamente preparadas, sobre os limites da política de dinheiro fácil que eles vinham seguindo.

Shirakawa via o Banco do Japão como um pioneiro. Já havia experimentado seguir programas polêmicos de compra de títulos de dívida e juros de curto prazo a quase zero, muito antes que essas medidas fossem tentadas pelo Federal Reserve (o banco central americano), o Banco Central Europeu ou o Banco da Inglaterra, na esteira da crise financeira de 2008. Sua conclusão foi que esses programas não funcionavam muito bem.

Alguns banqueiros centrais a quem ele alertou, assim como muitos de seus críticos no Japão, concluíram que Shirakawa não estava se esforçando o bastante, e que, em consequência, a economia japonesa estava sofrendo com crescimento lento e crises de deflação.

Agora, o Banco do Japão está prestes a entrar na festa mundial do dinheiro fácil. Com a eleição do primeiro-ministro Shinzo Abe, que vai nomear em breve os sucessores de Shirakawa e de seus dois principais assessores, o Banco do Japão foi empurrado pela classe política que detém o poder no Japão para um novo período de ativismo monetário.

"Quem mais não consegue atingir, há 15 anos, seus próprios objetivos para a inflação?", diz Anil Kashyap, economista da Faculdade de Administração Booth, da Universidade de Chicago, que escreve sobre o Japão. "Não é por acaso que eles estão perdendo sua independência."

O governo japonês teria, segundo duas autoridades, escolhido Haruhiko Kuroda, que hoje dirige o Banco Asiático de Desenvolvimento, como o próximo presidente do Banco do Japão. A notícia não foi confirmada pelo governo até o fechamento desta edição, mas se Kuroda realmente for o escolhido, fica claro que o país rumará para uma nova estratégia econômica. Ele tem defendido publicamente mais medidas de relaxamento monetário pelo Banco do Japão.

Uma mudança na política monetária pode acarretar grandes compras de títulos de dívida de longo prazo do governo japonês, ou mesmo títulos de governos estrangeiros. Nesse processo, o Banco do Japão vai injetar ienes na economia mundial, aumentando a oferta e assim diminuindo a cotação da moeda, ou seja, a taxa de câmbio.

A mudança, amplamente antecipada pelos mercados financeiros, terá um efeito cascata fora do Japão, que continua sendo a terceira maior economia mundial, apesar de todos os seus infortúnios.

Essas injeções de dinheiro por parte do Japão vão pressionar ainda mais outras economias, como Brasil, China e Coreia do Sul, que deverão optar entre permitir a valorização de suas moedas, com risco de prejudicar suas exportações, ou injetar mais dinheiro nas suas economias e, assim, arriscar-se a gerar surtos de inflação. Isso poderia prejudicar as relações com outras economias desenvolvidas, em especial europeias, que têm receio de uma guerra cambial global. A situação poderia atiçar fogo nos mercados financeiros, à medida que os investidores mundiais aproveitam os empréstimos baratos em ienes, convertendo-os para outras moedas e usando os fundos para alimentar um boom de investimento em outros países, além das fronteiras do Japão.

Apesar dos riscos, muitos economistas dizem que a mudança no Japão já está atrasada. Sobretudo, dizem os defensores de Abe, se o Japão passar a seguir a tendência mundial do dinheiro fácil, isso dará um impulso muito necessário ao crescimento econômico. "Esta não é uma guerra cambial - é uma guerra de crescimento", escreveu David Zervos, estrategista de renda fixa da corretora Jefferies & Co., em nota recente.

Os programas de compra de títulos de dívida pelos bancos centrais têm a meta de abaixar o juro de longo prazo, a fim de apoiar os gastos, os investimentos e o crescimento econômico. O Japão já tentou isso, mas não de forma muito agressiva - e os colegas de Shirakawa em outros países dizem que ele diluiu o potencial de impacto da medida ao sugerir que a política monetária, nas circunstâncias do Japão, não era uma ferramenta muito poderosa.

Nos últimos cinco anos, os títulos de dívida e empréstimos em posse do Banco do Japão aumentaram 35%. O Banco Central Europeu, o Fed e o Banco da Inglaterra mais que duplicaram, triplicaram e quintuplicaram seus ativos, respectivamente, nos últimos cinco anos.

Além disso, a tendência do Banco do Japão vem sendo de comprar títulos de prazo mais curto do que os outros bancos centrais, sempre que entrou em um programa de compra de dívida. O prazo médio de vencimento dos títulos do Tesouro americano que o Fed está comprando em seu programa de aquisições é de nove anos. O Japão raramente vai além de três anos. Segundo os economistas, a compra de papéis com vencimento de prazo mais longo tem um efeito maior sobre os mercados.

O Fed e o BCE conseguiram mudar o rumo dos mercados nos últimos meses apenas com palavras duras e promessas de ação futura. Mas Eric Stein, gestor de investimentos globais da corretora Eaton Vance, diz que palavras não bastarão para o banco central japonês, depois de tantos anos sem conseguir cumprir suas metas.

"Eles vão ser testados pelo mercado e terão de fazer mais", diz Stein. No mínimo, isso significa uma exigência por parte dos investidores de que o Banco do Japão aumente suas compras de títulos de dívida de longo prazo do governo japonês, para provar que está decidido a alcançar uma nova meta de inflação de 2%. O banco poderia aumentar suas compras nas bolsas de valores ou em fundos negociados em bolsa (ETFs), duas opções que já explorou.

O grande teste do Banco do Japão pode acontecer nos mercados de títulos estrangeiros. Abe julga que o banco central deve injetar ienes nas compras de títulos de dívida estrangeira para desvalorizar a moeda japonesa e assim aumentar a competitividade das exportações do país.

Diversos líderes mundiais já rejeitaram essa ideia. Uma guerra cambial é um jogo de soma zero, expressão da teoria econômica que significa que para um ganhar, o outro precisa perder na mesma proporção. As exportações que um país ganha estão sendo tomadas de outro país.

Se o novo presidente do banco central japonês decidir provar seu valor para os mercados seguindo por este caminho, diz Hyun Song Shin, professor de Princeton e ex-assessor do governo coreano, "ele vai colocar à prova todas as regras do jogo dos bancos centrais, não expressas, mas comumente subentendidas".

Fonte: Valor 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Aprovação ao governo do Japão passa de 70% pela 1ª vez desde 2009

SÃO PAULO - A taxa de aprovação do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe aumentou 6,1 pontos percentuais desde a pesquisa anterior (de janeiro) e atingiu 72,8%. É a primeira vez que um governo japonês consegue mais de 70% de aprovação desde setembro de 2009 - quando começou o mandato do premiê Yukio Hatoyama. A pesquisa e as informações são da aência de notícias Kyodo News.

O levantamento, realizado neste fim de semana, também mostrou que 63% dos consultados são favoráveis a que o Japão negocie um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Os que aprovam o acordo acreditam que a iniciativa vai levar a um crescimento das exportações japonesas e fortalecer o país perante concorrentes como a Coreia do Sul. Os que são contrários temem impactos negativos sobre o setor agrícola e sobre pequenas e médias empresas dentro do Japão.

Fonte: Valor

Japão pode entrar na festa global de crédito barato


Nos últimos anos, sempre que o presidente do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, se reunia com outros líderes de bancos centrais do mundo todo, muitas vezes fazia advertências, metodicamente preparadas, sobre os limites da política de dinheiro fácil que eles vinham seguindo.
Shirakawa via o Banco do Japão como um pioneiro. Já havia experimentado seguir programas polêmicos de compra de títulos de dívida e juros de curto prazo a quase zero, muito antes que essas medidas fossem tentadas pelo Federal Reserve (o banco central americano), o Banco Central Europeu ou o Banco da Inglaterra, na esteira da crise financeira de 2008. Sua conclusão foi que esses programas não funcionavam muito bem.
Bloomberg
Masaaki Shirakawa, que se opunha ao relaxamento monetário, está prestes a deixar a presidência do BC japonês.
Alguns banqueiros centrais a quem ele alertou, assim como muitos de seus críticos no Japão, concluíram que Shirakawa não estava se esforçando o bastante, e que, em consequência, a economia japonesa estava sofrendo com crescimento lento e crises de deflação.
Agora, o Banco do Japão está prestes a entrar na festa mundial do dinheiro fácil. Com a eleição do primeiro-ministro Shinzo Abe, que vai nomear em breve os sucessores de Shirakawa e de seus dois principais assessores, o Banco do Japão foi empurrado pela classe política que detém o poder no Japão para um novo período de ativismo monetário.
 "Quem mais não consegue atingir, há 15 anos, seus próprios objetivos para a inflação?", diz Anil Kashyap, economista da Faculdade de Administração Booth, da Universidade de Chicago, que escreve sobre o Japão. "Não é por acaso que eles estão perdendo sua independência."
O governo japonês teria, segundo duas autoridades, escolhido Haruhiko Kuroda, que hoje dirige o Banco Asiático de Desenvolvimento, como o próximo presidente do Banco do Japão. A notícia não foi confirmada pelo governo até o fechamento desta edição, mas se Kuroda realmente for o escolhido, fica claro que o país rumará para uma nova estratégia econômica. Ele tem defendido publicamente mais medidas de relaxamento monetário pelo Banco do Japão.
Uma mudança na política monetária pode acarretar grandes compras de títulos de dívida de longo prazo do governo japonês, ou mesmo títulos de governos estrangeiros. Nesse processo, o Banco do Japão vai injetar ienes na economia mundial, aumentando a oferta e assim diminuindo a cotação da moeda, ou seja, a taxa de câmbio.
A mudança, amplamente antecipada pelos mercados financeiros, terá um efeito cascata fora do Japão, que continua sendo a terceira maior economia mundial, apesar de todos os seus infortúnios.
Essas injeções de dinheiro por parte do Japão vão pressionar ainda mais outras economias, como Brasil, China e Coreia do Sul, que deverão optar entre permitir a valorização de suas moedas, com risco de prejudicar suas exportações, ou injetar mais dinheiro nas suas economias e, assim, arriscar-se a gerar surtos de inflação. Isso poderia prejudicar as relações com outras economias desenvolvidas, em especial europeias, que têm receio de uma guerra cambial global. A situação poderia atiçar fogo nos mercados financeiros, à medida que os investidores mundiais aproveitam os empréstimos baratos em ienes, convertendo-os para outras moedas e usando os fundos para alimentar um boom de investimento em outros países, além das fronteiras do Japão.
Apesar dos riscos, muitos economistas dizem que a mudança no Japão já está atrasada. Sobretudo, dizem os defensores de Abe, se o Japão passar a seguir a tendência mundial do dinheiro fácil, isso dará um impulso muito necessário ao crescimento econômico. "Esta não é uma guerra cambial — é uma guerra de crescimento", escreveu David Zervos, estrategista de renda fixa da corretora Jefferies & Co., em nota recente.
 Os programas de compra de títulos de dívida pelos bancos centrais têm a meta de abaixar o juro de longo prazo, a fim de apoiar os gastos, os investimentos e o crescimento econômico. O Japão já tentou isso, mas não de forma muito agressiva — e os colegas de Shirakawa em outros países dizem que ele diluiu o potencial de impacto da medida ao sugerir que a política monetária, nas circunstâncias do Japão, não era uma ferramenta muito poderosa.
 Nos últimos cinco anos, os títulos de dívida e empréstimos em posse do Banco do Japão aumentaram 35%. O Banco Central Europeu, o Fed e o Banco da Inglaterra mais que duplicaram, triplicaram e quintuplicaram seus ativos, respectivamente, nos últimos cinco anos.
Além disso, a tendência do Banco do Japão vem sendo de comprar títulos de prazo mais curto do que os outros bancos centrais, sempre que entrou em um programa de compra de dívida. O prazo médio de vencimento dos títulos do Tesouro americano que o Fed está comprando em seu programa de aquisições é de nove anos. O Japão raramente vai além de três anos. Segundo os economistas, a compra de papéis com vencimento de prazo mais longo tem um efeito maior sobre os mercados.
Fonte: WSJ

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Visitas à Câmara: GDMC Global Development & Management Consultants INC.



Acompanhados por Margarida Terao (coordenadora da Agência de Cooperação Internacional do Japão - JICA) os representantes da GDMC Global Development & Management Consultants INC., Masahiko Tamai e Shigeo Tsunoda, estiveram na manhã desta sexta-feira, 22, visitando a sede da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná.

Recebidos pelo presidente Yoshiaki Oshiro, a reunião limitou-se debater temas relacionados a qualidade das bolsas de estudos ofertadas pela JICA aos jovens nikkeis do país, que atualmente passa por um processo de reformulação e reavaliação por parte do governo japonês.

Para mais, acesse:
http://www.jica.go.jp
http://gdmc.jp/

Novos associados: Diamont Tecnologia de Climatização e Ponta Grossa Ambiental




Nesta semana duas novas empresas passaram a integrar o portfólio de associados da entidade: Diamont tecnologia de Climatização e Ponta Grossa Ambiental (PGA). 

Apesar de setores distintos, ambas empresas alinham-se estrategicamente com o objetivo estatutário da entidade,  que é o de desenvolver a economia do estado através da atração e mediação de novos investimentos japoneses à região.

Marcus Borsato, diretor da PGA, que viajou ao Japão com a CCIBJ do Paraná integrando a comitiva brasileira que participou do 2nd Brazil Japan Workshop for Promotion of Energy Efficiency and Conservation/Capacity Building realizado em Tóquio no início deste ano, elogiou o trabalho de fomento desenvolvido pela entidade. “Foi muito interessante termos tido a oportunidade de não só conhecermos o Japão, bem como estreitarmos nossas relações comerciais com possíveis parceiros de lá. Agradecemos a oportunidade concedida e esperamos dar seqüência a este singular trabalho”.

Links:

Premiê nomearia Haruhiko Kuroda para presidir Banco do Japão


SÃO PAULO - O premiê japonês, Shinzo Abe, deverá nomear o presidente do Banco de Desenvolvimento Asiático, Haruhiko Kuroda, para chefiar o Banco Central do Japão (BoJ). A informação foi divulgada pela agência de notícias Kyodo News, que diz tê-la obtido com fontes do governo.

Espera-se que a nomeação do futuro presidente do BoJ ocorra no meio desta semana. Tanto a indicação do presidente quanto a dos dois vice-presidentes da autoridade monetária devem ser aprovadas pelas duas casas do Parlamento japonês.

A Kyodo News informa que Kuroda, de 68 anos, tem larga experiência e contatos em assuntos internacionais e apoia a estratégia do governo de baixar agressivamente o custo do dinheiro para combater a deflação crônica do país. A nomeação de Kuroda para o  BoJ é vista como uma tentativa de acelerar esse processo.

Toda a movimentação se deve à saída do atual presidente do BoJ, Masaaki Shirakawa, e seus dois vices, antes do final do mandato que terminaria em 8 de abril. Entre os nomes citados para substituir os vice-presidentes estão os de Masayoshi Amamiya, chefe da unidade do BoJ em Osaka; do diretor-executivo do BoJ Hiroshi Nakaso, e do professor universitário Kikuo Iwata.

Fonte: Valor

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sistema Toyota de gerenciamento de vias urbanas é apresentado ao Secretário da Indústria e Comércio de São José dos Pinhais

Recebido pelo presidente da CCIBJ do Paraná, Yoshiaki Oshiro, o secretário da Indústria e Comércio de São José dos Pinhais, Valdir Furlan, esteve na manhã desta quinta-feira, 21, reunido na sede da entidade para conhecer o sistema de monitoramento de tráfego de vias urbanas proposto pela Toyota Tsusho Corporation, empresa do grupo Toyota.

Introduzido com sucesso no Japão e em fase experimental em capitais como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, o sistema, denominado ITS, faz parte do pacote de soluções inteligentes criado pela multinacional japonesa voltado exclusivamente para atender municípios que tenham apresentem dificuldades em gerenciar com precisão o tráfego de veículos, prevendo congestionamentos e acidentes, servindo como uma poderosa ferramenta de planejamento urbano das grandes cidades.

Segundo Kengo Sato, representante da empresa, o sistema também pode ser aplicado em municípios que encontram-se em fase de crescimento. “Compreendemos ser importante introduzirmos esta tecnologia junto a cidades que compõem a região metropolitana de Curitiba, pois o fluxo de automóveis é integrado e suas soluções devem ser planejadas em conjunto” colocou Sato.

O sistema está sendo apresentando a prefeitura de Curitiba, que segundo o prefeito Gustavo Fruet, deve buscar alternativas de monitoramento de tráfego que estejam na vanguarda tecnológica do setor, cenário que a Toyota, garante Sato, se encaixa perfeitamente.

A apresentação do sistema junto a prefeitura de São José dos Pinhais partiu de uma sugestão da câmara. Para o secretário Furlan, o município está disposto a fomentar novos negócios com o Japão. "Agradecemos a Câmara pela oportunidade concedida. Esperamos dar sequência aos diálogos iniciados. Nossa cidade está de braços abertos para os investidores japoneses" relatou.

Também participaram da reunião o vice-presidente da Câmara, Nilson Nishimura, e o diretor, Fujio Takamura.

Presidente da Hitachi do Brasil visita sede da Câmara em Curitiba


 O presidente da Hitachi do Brasil, Toshiro Iwayama, em visita a sede da Câmara

Estabelecer novos negócios no Paraná. Este foi um dos temas debatidos na reunião realizada na manhã desta quinta-feira, 21, na sede da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná entre o presidente da Hitachi do Brasil, Toshiro Iwayama, e o presidente da entidade, Yoshiaki Oshiro.

Acompanhado pelo gerente de novos projetos, Emil Seko, Iwayama evidenciou as intenções da multinacional japonesa em estreitar as relações comerciais vigentes com o Paraná, estado que somente nos últimos dois anos atraiu cerca de R$20 bilhões em novos investimentos do setor privado, incluindo a vinda de duas novas empresas do Japão: Sumitomo Rubber, fabricante de pneus; e Hamaya Corporation, de reciclagem de lixo eletrônico.

Atualmente a Hitachi conta com 10 fábricas no país, sendo 8 em São Paulo e 2 em Minas Gerais, manufaturando equipamentos que atendem os mais variadores setores como TI e transporte público.

Iwayama ressaltou ainda a importância do trabalho de mediação da CCIBJ do Paraná enquanto entidade voltada a promover as potencialidades econômicas do estado junto ao Japão. “A Hitachi participou do 2nd Brazil Japan Workshop for Promotion of Energy Efficiency and Conservation/Capacity Building realizado há poucas semanas em Tóquio. O contato estabelecido previamente com a Câmara neste evento nos abriu esta porta no Paraná, onde esperamos fomentar novos e importantes negócios” completou.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Representante chefe da Jica visita sede da Câmara

O presidente da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná, Yoshiaki Oshiro, recebeu na manhã desta quarta-feira, 20, os representantes da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), Satoshi Murosawa (representante chefe) e Taku Ishimaru, (representante senior).

Segundo Murosawa, a visita teve por objetivo estreitar as relações institucionais com a entidade, que nos últimos anos vem consolidando-se como um HUB de novos negócios, servindo de porta de entrada para investimentos japoneses na região, prestando serviços de assessoria e suporte, que vão desde agendamento de reuniões com lideranças locais à consultoria jurídica e contábil.

A reunião serviu também para oficializar a missão empresarial do Japão que virá ao Paraná nos dias 26 e 27 de fevereiro e que contará com o apoio da Câmara. Ao todo serão 13 empresas de médio e pequeno porte de setores variados que buscam prospectar possíveis parceiros comerciais no Brasil. "Já estamos trabalhando em parceria da JICA para melhor atendermos esta nova comitiva que aporta o Paraná. É o nosso objetivo maior mediar, apoiar e auxiliar estes empresários durante esta constante busca pela consolidação de novos negócios no cenário internacional, independentemente do porte e/ou segmento" concluiu Oshiro.

OMC dá 'sinal verde' para a desvalorização do iene


Os países na Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmaram pelo silêncio o sinal verde já dado pelo G-20 para a política monetária expansionista do Japão, que tem estado no centro das ameaças de guerra comercial nas últimas semanas.

No exame da política comercial japonesa, ontem, nenhum país na OMC manifestou preocupação com a política do premiê Shinzo Abe de pressionar o Banco do Japão a manter os juros próximos de zero e inundar a economia com liquidez para ajudar a indústria do país. Com isso, o iene se desvalorizou 15% contra o dólar nos últimos três meses, com produtos japoneses, como os eletrônicos da Sony ou os carros da Toyota, tornando-se mais baratos para exportação.

Qualquer ação da terceira maior economia do mundo, e quarto maior exportador e importador global de mercadorias, tem evidente impacto sobre os parceiros. Porém, a Coreia do Sul foi o único país a lembrar discretamente que "moedas não devem ser um instrumento para desvalorizações competitivas". O won coreano se valorizou 6% contra o iene neste ano, após alta de 20% em 2012, cortando a competitividade de seus produtos contra os rivais japoneses.

Autoridades em Seul admitem que conflitos sobre divisas podem aumentar nos próximos meses, depois que ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20 evitaram censurar Tóquio por sua política do iene fraco.

Já o México abordou diretamente na OMC a discussão sobre a "rápida desvalorização" do iene, aproveitando para alvejar indiretamente a proposta que o Brasil levou sobre câmbio no ano passado.

Para o México, as causas da desvalorização do iene são múltiplas, e a "principal lição" a tirar é a dificuldade na OMC de se vincular comércio a tipos de câmbio - justamente o que o Brasil tem procurado fazer na entidade. O representante mexicano observou que a moeda japonesa era cotada a 93,5 contra o dólar americano. Em outubro de 2012, valia 76 contra o dólar e em outubro de 2008 sua cotação era de 110.

A conclusão do México é que, se houvesse instrumento comercial para compensar a alteração no valor das moedas, em um momento o Japão teria aplicado sobretaxa de uns 20% e em outro os EUA é que teriam adotado a medida, multiplicando os problemas ao invés de resolvê-los.

O Brasil espera convencer os parceiros na OMC a negociar futuramente um mecanismo de desafogo para um momento de valorização excessiva, que permita impor sobretaxas para proteger sua indústria. Mas ontem o país não tocou no assunto no debate sobre o Japão. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, conhecido agora como "Mister currency war" (sr. guerra cambial") no cenário internacional, já tinha adotado um discurso mais conciliador no fim de semana em Moscou, após a reunião do G-20. "O Japão apresentou um plano de recuperação. A política monetária expansionista do Japão não é criticada, e não houve nenhuma censura no G-20 à política japonesa, que é para combater o risco da deflação", disse.

Nos mercados de moedas, a fragilidade do iene continua dominando os debates. Certos analistas acham que a moeda pode se desvalorizar um pouco mais, para 95 ienes por dólar.

Fonte: Valor

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Reunião sobre formação de novas lideranças reúne consulado e vereadores de Londrina na sede da Câmara


Os vereadores de Londrina Mario Takahashi e Roberto Kanashiro estiveram na tarde desta terça-feira, 19, na sede da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná reunidos com o presidente da entidade, Yoshiaki Oshiro.

Acompanhados pelo representante da Aliança Cultural e Beneficente Nipo-brasileira de Londrina, Milton Tsuruda, os vereadores coletaram opiniões, ideias e informações a respeito da formação de novas lideranças na comunidade Nikkei, tema em voga e que vem demandando atenção por parte do governo japonês.

De acordo com a vice-consulesa do Japão para a região sul, Nana Kawamoto, o poder público japonês tem demonstrado constante preocupação com este factual hiato de liderança entre os líderes do passado e a atual geração. Por esta razão, o governo japonês está empenhado em trabalhar este tema, tentando atenuar este hiato através da promoção de um seminário a ser realizado no Japão e que será chancelado pelo Ministério das Relações Exteriores. Ainda segundo Kawamoto, o escolhido para representar o Paraná neste evento será o vereador Takahashi.

A reunião contou também com a presença do presidente do Instituto Cultural e Científico Brasil Japão, o ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Hitoshi Nakamura.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Déficit comercial do Japão em 2012 é o pior desde 1985


O Japão registrou déficit em conta corrente de 264,1 bilhões de ienes em dezembro ante novembro, segundo resultado negativo mensal consecutivo, conforme informações do Ministério das Finanças divulgadas nesta sexta-feira.

A conta corrente é a medida mais abrangente do comércio entre o Japão e o resto do mundo e mostra que os grandes e tradicionais exportadores do país permaneceram em ritmo lento em dezembro, mesmo com os esforços do governo local em desvalorizar o iene.

O déficit comercial em 2012, porém, foi o pior desde 1985, quando a série histórica teve início.

Com importação de energia em alta e exportações em ritmo lento, os economistas alertam que o Japão poderá sofrer com déficits mensais em conta corrente frequentes nos próximos anos.

Isso siginifica que o Japão poderia depender mais de credores internacionais para financiar seu déficit, o que poderia exigir um prêmio de risco acima do exigido pelos investidores domésticos.

O dado desta sexta-feira mostrou, entretanto, um grande fluxo de investimento estrangeiro direto em papéis japoneses, vindo dos Estados Unidos, França, Alemanha e Hong Kong.

Economistas disseram que a existência de déficit em conta corrente não traria dificuldades fiscais ao Japão, caso o país consiga atrair investimentos estrangeiros diretos.

O desempenho de dezembro foi pior do que estimou uma pesquisa feita pela Dow Jones Newswires e a Nikkei, segundo a qual o déficit em conta corrente ficaria em 148,5 bilhões de ienes.

O mau resultado aumenta a pressão sobre o governo e o Banco do Japão (BoJ, o Banco Central japonês) para que tomem medidas que ajudem a revigorar a economia.

O mercado acionário japonês está em alta nas últimas semanas na expectativa de que a conjunção de iene fraco, gastos extras do governo e medidas de afrouxamento monetário do BoJ irá levar à retomada do crescimento.

Com a pressão do governo japonês sobre o BoJ por medidas de afrouxamento em larga escala, o iene já perdeu 14% de seu valor desde meados de novembro, favorecendo os exportadores.

Um problema adicional para o Japão foi o dado de lucro obtido pelas empresas japonesas no exterior, que costuma ser um fator positivo para a conta corrente e que apresentou resultado decepcionante, de 707,5 bilhões de ienes.

O economista-chefe da corretora RBS Securities, Junko Nishioka, disse que a entrada de receitas ficou abaixo do esperado, mas afirmou que os pagamentos de fim de ano podem ter influenciado no resultado.

Apesar dos dois déficits mensais em conta corrente seguidos, para o ano de 2012, o Japão registrou superávit em conta corrente de 4,7 trilhões de ienes. “Auxiliado pelo superávit de rendas, o Japão deve manter um superávit em conta corrente em bases anuais ainda que os resultados mensais sejam negativos de tempos em tempos”, disse Toshihiro Nagahama, economista-chefe do Instituto de Pesquisas Dai-Ichi

A conta corrente mede transações em bens, serviços, turismo e investimento. É calculado pela determinação da diferença entre a receita obtida pelo Japão vinda de fontes externas contra os pagamentos de obrigações no exterior, excluindo investimento líquido.

Fonte: Valor

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tóquio é a cidade mais cara do mundo para se viver


Tóquio é a cidade mais cara do mundo, de acordo com o mais recente levantamento do custo de vida feito pela Economist Intelligence Unit (EIU), empresa que faz parte do grupo que edita a revista The Economist
A capital japonesa, que no ano passado ficou atrás de Zurique, ocupou o primeiro lugar desse ranking 14 vezes nos últimos 20 anos. 
De acordo com a EIU, Caracas e São Paulo, que aparece em 43º lugar, foram as cidades nas quais o custo de vida mais subiu na última década. O índice é feito a partir de uma média ponderada dos preços de 160 produtos e serviços.
Confira, abaixo, as dez cidades mais caras do mundo  para se viver segundo a EIU:

As 10 cidades mais caras do mundo para se viver

Conforme a média ponderada dos preços de 160 produtos e serviços

Fonte: Economist Intelligence Unit (EIU) / * Oslo e Melbourne apresentaram o mesmo índice de custo de vida e, portanto, seguem empatadas na 4ª posição
CidadePosição em 2013Posição em 2012
Tóquio
Osaka
Sydney
Oslo*
Melbourne*
Cingapura
Zurique
Paris
Caracas34º
Genebra10º
Fonte: Valor

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Japão, o povo à frente dos lucros


Será que Shinzo Abe, o novo premiê do Japão, resgatará a economia de seu país de duas décadas de lassidão? Ou será que a "Abenomia" iniciou uma guerra monetária e empurrou o Japão para mais perto de um colapso calcado na hiperinflação? A resposta plausível é: nenhuma das duas. O risco é que as políticas de seu governo não façam diferença, em qualquer dessas direções.

O que é, então, a Abenomia? Ela é composta por três elementos: renovado estímulo fiscal; pressão sobre o BC do Japão para aprovar uma meta mais elevada de inflação; e reformas estruturais ainda não especificadas. Mais precisamente, como observou Masaaki Kanno, do JPMorgan, no "Financial Times", o governo japonês anunciou um orçamento complementar que aumentará os gastos públicos em 2% do Produto Interno Bruto (PIB), elevando o possível déficit para 11,5% do PIB em 2013. Além disso, Tóquio não apenas pressionou o BC a financiar esse déficit como compeliu-o a aceitar uma meta de inflação de 2%.

Será que esse conjunto de medidas transformará o desempenho do Japão e, se transformar, em que direção o impelirá? Para responder, precisamos examinar quatro aspectos do histórico econômico do país.

Em primeiro lugar, o Japão vivenciou uma deflação prolongada. Apesar da taxa oficial de juros de curto prazo de 0,5% ou menos, desde outubro de 1995, o deflator do PIB (uma medida ampla do nível de preços) caiu 17% desde o início de 1997.

Mas o fundamental para se chegar a uma economia mais equilibrada é tomar os amplos lucros excedentes de um oligopólio corporativo que se mostrou incapaz de usá-los. Que se permita que o público usufrua da renda, em vez disso.

Em segundo lugar, o Japão incorreu em persistentes déficits públicos. Assim, o endividamento bruto geral do governo subiu de 66% do PIB em 1991 para 237%, enquanto o endividamento líquido aumentou de 12% para 135%.

Em terceiro lugar, o retorno sobre os bônus do governo japonês despencou dos 7,9% registrados no início da década de 90 para o nível atual de menos de 1%. Em quarto lugar, ao contrário da crença generalizada, o desempenho da economia também não foi tão precário. A taxa de desemprego foi de apenas 4,1% em novembro. O PIB por hora trabalhada (medido pela paridade do poder de compra) cresceu harmonicamente com o dos Estados Unidos desde o início da década de 90, embora o Japão não esteja mais reduzindo sua discrepância de produtividade em relação aos EUA.

O Japão, então, é uma advertência, mas também um estímulo, para outras economias pós-bolha de alta renda. É possível para um país dotado de moeda própria associar crescimento razoável a deflação persistente, escalada do endividamento público e taxas de juros de curto e longo prazos ultrabaixas por um período muito longo. Quais são os perigos? Vejo dois, nenhum deles imediato: primeiro, a oportunidade de um novo "crescimento para compensar o atraso" continua inexplorado; segundo, em algum momento, o custo do serviço da dívida pelo governo será proibitivo, e as alternativas serão calote, ou direto ou via inflação. Quanto mais tarde esse ajuste ocorrer, maior será o desafio.

Os persistentes déficits públicos e deflação são um enigma. A explicação padrão é que se devem a um erro da política monetária. Se o BC do país tivesse evitado a deflação, as taxas de juros reais poderiam ter sido negativas, fortalecendo os investimentos e o consumo privados. Concordo que isso teria sido proveitoso. Mas discordo que a inflação seja a causa subjacente dos males do Japão.

Qual será então essa causa subjacente? "Um excedente de poupança privada" é a resposta, ou, mais precisamente, um enorme excedente estrutural de lucros brutos corporativos retidos em relação aos investimentos, como argumenta Andrew Smithers, da Smithers, de Londres.

As evasões de capital também contribuíram para equilibrar a oferta e a demanda. A política monetária confortável facilitou a desalavancagem pós-bolha e, possivelmente, manteve o iene mais baixo do que teria ficado na ausência desse fator, promovendo as exportações. Mas ela foi incapaz de elevar suficientemente os investimentos de modo a eliminar os enormes superávits corporativos. O motivo é o fato de o setor privado já vir investindo demais. Como observa Smithers: "O Japão, com uma população em queda, investe 30% mais de seu PIB do que os EUA, onde a população aumenta".

Em vista dos desequilíbrios da economia japonesa e da grande bolha criada durante a década de 80 para administrá-los, as autoridades de política econômica japonesas fizeram bem. Mas o caminho que estão trilhando é insustentável. O que, então, a Abenomia poderia gerar de benéfico?

Em primeiro lugar, a depreciação do iene deve ser boa para a economia, ao promover exportações líquidas. Sim, trata-se de uma desvalorização em que a conta é deixada para outro pagar. No cômputo geral, no entanto, esse procedimento estimulará uma política monetária mais agressiva em outros países, o que deverá até ser proveitoso para a economia mundial. Em segundo lugar, a elevação das expectativas inflacionárias (se isso realmente acontecer) deverá baixar as taxas de juros reais no curto prazo. Isso é bom. Mas pode também desestabilizar as expectativas de inflação. Isso não é bom.

Em terceiro lugar, o aumento do déficit público elevará a demanda no curto prazo, o que é, seguramente, desejável: no terceiro trimestre do ano passado, a economia ainda estava 2,3% abaixo do nível registrado no primeiro trimestre de 2008.

Diante disso, o que mais deve ser feito? A resposta é: reformas estruturais focadas na fragilidade da demanda privada. Os lucros retidos têm de baixar, sem reduzir na mesma medida os investimentos. Como se pode reduzir os lucros retidos? Vejo três possibilidades: elevando os salários; obrigando à realização de maiores distribuições aos acionistas, por meio de mudanças na governança corporativa; e finalmente, mudando a tributação corporativa a fim de estimular a distribuição dos lucros aos investidores e elevar a arrecadação fiscal. Smithers enfatiza particularmente o papel da redução das provisões, atualmente excessivas, destinadas a cobrir a depreciação, responsáveis pelo grosso da poupança corporativa bruta. O grande perigo é que o Japão continue tratando seus problemas estruturais de mais longo prazo como passíveis de serem administrados por ajustes de ordem monetária e fiscal. No curto prazo estes são necessários. Mas o fundamental para se chegar a uma economia mais equilibrada é tomar os amplos lucros excedentes de um oligopólio corporativo que se mostrou incapaz de usá-los. Os superávits financeiros corporativos que acabam em amplos passivos fiscais têm de ser reduzidos. Que se permita que o público usufrua da renda, em vez disso.

Fonte: Valor